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"Nunca um programa, no caso, um "sketche", recebeu um tão elevado número de cartas a contestá-lo", diz fonte da Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC). Está aberto um processo de averiguações. Ainda ontem, estava previsto que a SIC fosse notificada relativamente à peça do "Zé Carlos", emitida no último domingo. Esta não é a primeira vez que os "Gato" são alvo de apreciação pela ERC. O programa que tinham na antena pública mereceu duas queixas, mas o Reguladora acabou por não lhes dar provimento.
Os novos protestos apresentam-se em nome individual e o seu conteúdo vai todo no mesmo sentido: ofensa à Igreja Católica, mais concretamente, aos seus símbolos sagrados. Houve quem referisse que com o Islão haveria mais cautela na abordagem.
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O padre Manuel Morujão, porta -voz da Conferência Episcopal, acha "muito bem que quem viu as suas convicções mais profundas serem ofendidas se manifeste". Prossegue: "Nada é intocável, mas tem de ser tocado com algum respeito. Uma coisa é fazer humor sobre as ondas do mar e outra usar a liberdade para achincalhar". Afirmando-se "solidário, de certa forma", com quem acha que "não houve respeito para com aspectos considerados estruturais da nossa vida", deixa ainda o recado: "Não devemos transformar a contestação em propaganda ao programa".
Fã dos "Gato", D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas e de Segurança, começa por perguntar se estamos a falar daquele "sketche" em o Ricardo Araújo Pereira diz "em nome do pai". Diante da resposta afirmativa, comenta: "Tenho de dizer que o vi . Habitualmente entro em colisão com determinadas formas de pensar, mas esse em nada me feriu. Quem não tiver humor que não veja".
Para o sociólogo Albertino Gonçalves, "os portugueses ligam mais aos seus símbolos do que aos feitos. O que deve ter chocado foi a cena da hóstia, por causa do que devem ter visto como profanação do sagrado". Embora lhe pareça que nem todas as queixas possam ter origem católica. "Os mais patriotas também se sentem ofendidos com este género de humor".
De qualquer modo, julga que se está diante de uma "minoria que faz sempre muito barulho". O professor da Universidade do Minho classifica o trabalho do quarteto de os "Gato Fedorento" como um humor desinibido, que aprecia. E vê a quantidade de queixas como um sinal de preocupação. "Fico preocupado, porque o humor tem uma função fundamental na sociedade, e a tolerância é a medida da democraticidade de um país".
Será este o próximo sketche a ser representado pelo Nuno e pelo André?
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