segunda-feira, 29 de dezembro de 2008

Balanço dos Distritais de Jovens - evolução dos jogadores


Alguns dados para discussão:

Não é fácil analisar com rigor a evolução dos jogadores, uma vez que as listas de elo não funcionam e, mesmo que estivessem a sair com a regularidade esperada, não se jogaram torneios suficientes para que os dados fossem consistentes.

De qualquer modo, aqui fica a diferença entre o elo inicial e a performance obtida na Fase Preliminar deste ano:



Jogador: Elo Inicial - Performance Final = Diferença de pontos

André: 1296 - 2277 = + 981
Nuno: 1387 - 1840 = + 453
Tiago: 1200 (administrativo) - 1749 = + 549
Rui: 1417 - 1725 = + 308
Ricardo: 1296 - 1725 = + 429



Por outro lado, também não é fácil fazer a comparação dos resultados obtidos, pois o leque de adversários é alterado todas as épocas: com escalões etários de dois em dois anos e jogadores com apenas dois distritais na bagagem, as comparações seriam sempre entre duas amostras diferentes - os adversários da primeira época não são os mesmos da segunda.

Ainda assim, aqui fica a comparação entre o lugar no ranking da lista inicial e a classificação final:




E, também, a lista dos resultados dos Distritais, misturando a classificação da fase de qualificação e a final, quando o jogador se apurou:



Jogador: 2006/2007; 2007/2008; 2008/2009

André: 1.º (final sub-8); 2.º (final sub-8); 1.º (apuramento sub-10)
Nuno: 15.º (apuramento s12); 4.º (final s12); 2.º (apuramento s14)
Tiago: - ; 16.º (apuramento s12); 3.º (apuramento s14)
Rui: - ; 4.º (apuramento s14); 5.º (apuramento s14)
Ricardo: 5.º (final s12); 5,º (apuramento s12); 6.º (apuramento s14)



Os resultados obtidos foram positivos.
Todos os jogadores tiveram uma performance bastante acima do seu elo inicial.
Apenas um terminou abaixo do seu ranking inicial, devido a uma derrota na última ronda.
Ao longo do tempo, os jogadores que já costumavam terminar nas primeiras posições continuam a fazê-lo, enquanto que os menos experientes conseguiram acompanhar os mais fortes e estão agora ao nível destes. A turma conseguiu integrar estes atletas e apresenta-se homogénea, o que já tinha sido visível na participação na Taça AXP.

Todavia, os resultados parecem estar a estabilizar. Os jogadores (Ricardo, Rui) já terminam nos primeiros lugares mas, tirando o André (também ao nível Nacional) e o Nuno (apurou-se esta época e na anterior para a fase final do Distrital), ainda não jogam para o primeiro lugar. O Tiago, apesar de tudo, ainda tem muitas poucas partidas lentas jogadas (talvez menos de 20).

Parece haver dois motivos principais para esta estabilização:

1) Falta de experiência e ritmo competitivo

Esta prova foi a primeira em ritmo clássico que os elementos da turma jogaram esta época, a nível individual. As exigências de um torneio com sessões diárias, às vezes bidiárias, é muito diferente daquelas com que se defrontaram na Taça AXP, prova colectiva, com ritmo semanal e possibilidade de descanso superior a uma semana.

2) Esquema de apuramento do Distrital

A fórmula adoptada pela AXP para o Distrital de Jovens impunha, já se sabia, a eliminação de vários jogadores com possibilidade de lutar pelo título logo na fase de apuramento.

Ao apurar apenas 2 atletas, ficou desde logo impossibilitada a participação de todos os elementos da turma na fase final da prova. Ainda assim, os resultados foram muito meritórios e, embora não tenha acontecido desta vez, graças à excelente prova do Rui Cardoso, todos os lugares de apuramento podem ser preenchidos pela nossa turma:

Classificação Final do Apuramento dos Sub-14:

1.º Rui Cardoso (Espinho) - 6 pontos
2.º Nuno (GXP) - 5
3.º Tiago (GXP) - 4,5
4.º João Castro (Vila D'Este) - 4,5
5.º Rui (GXP) - 4
6.º Ricardo (GXP) - 4
7.º José Pintor (Alfenense) - 4
8.º António Marinho (Gaia) - 3
9.º Pedro Dias (Gaia) - 3
...
15.º Cristiana Ribeiro (Amial-Regado) - 3
...
inscreveram-se 24 jogadores.

Os 4 elementos da turma ficaram nos 6 primeiros lugares.
O Nuno apurou-se e o Tiago será o seu suplente e o do Rui Cardoso.


Um caminho a equacionar, é o de tomar um "atalho": jogar muitos torneios clássicos durante o ano, garantir a entrada no ranking internacional e, assim, conseguir o apuramento directo.
Não há dois torneios iguais, é certo, mas estou confiante que o nível actual dos elementos da turma é suficiente para, qualquer um deles, terminar em primeiro em qualquer prova do seu escalão.
Aliás, o Rui já venceu os sub-14 num prova de semi-rápidas esta época.


Duas notas finais que têm a ver com a prova e não com a turma:

1) Subscrevo a "ideia" do GoodChess: permita-se o acesso do público às salas de jogo. Estas provas também devem ser didácticas neste aspecto, para jogadores e público.

2) Apesar de, à luz da promoção da modalidade, ser compreensível o apuramento da melhor feminina para a fase final, o esquema parece contraproducente: a existência de uma fase preliminar visa garantir uma fase final muito disputada que serve de preparação para os Campeonatos Nacionais.
Todavia, nenhuma das três meninas que jogaram os sub-14 tem, objectivamente, força de jogo para aquela fase final: a apurada, por inerência, terminou no 15.º posto, com 3 pontos, sendo que 2 foram alcançados por falta de comparência. Aliás, durante a prova perdeu com a 2.ª feminina na terceira ronda. Esta fez dois pontos: além desta vitória, fez um ponto com o bye.

A questão das quotas coloca-se normalmente por uma questão de igualdade: há que dar tratamento igual a situações iguais, e distinto a situações diferentes. Todavia, as situações que geram a desigualdade - que se pretende ver resolvida através desta discriminação positiva - resultam normalmente de questões subjectivas relacionadas com o acesso a um direito: é o caso, por exemplo, das quotas partidárias - como o legislador entendeu que as mulheres têm maior dificuldade no acesso à vida política (uma vez que, tradicionalmente, assumem maiores responsabilidades na vida familiar), criou a lei da paridade.
Ora, aqui a situação é diferente.
Não se trata de uma situação de desigualdade no acesso à fase final do distrital, pois os critérios estão definidos e são iguais para todos os participantes. As raparigas jogam, como os rapazes, a fase de apuramento. Mas, no entanto, apuram-se de maneira diferente.
E estando no campo do "mérito", como alguns gostam de colocar a questão, o preenchimento dos critérios previamente definidos seria bastante para concretizar o dito princípio da igualdade. (a situação actual até parece violá-lo)
Como, aliás, se nota nos concursos de acesso ao ensino superior, à magistratura ou à carreira diplomática, em que, perante circunstâncias iguais, as senhoras costumam ter maior percentagem de sucesso.
Também não é por acaso que as situações de compadrio nunca foram designadas por "jobs for the girls" nem nunca se ouviu falar de "old girls networks"...



Creio que as raparigas e os rapazes têm abordagens diferentes ao jogo. E concordo com a GM Susan Polgar, que também advoga a necessidade do "xadrez feminino", seja para premiar, seja para evitar o isolamento, há várias boas razões.
Todavia, no caso, a inerência da melhor feminina (que vai jogar a fase final do distrital absoluto com o título feminino já assegurado) será até contra-producente: para os restantes jogadores apurados, o jogo não será estimulante; para ela, não será agradável acabar a prova com 5 batatas.
Pelo menos a experiência que, no ano passado, tivemos com uma jogadora em idênticas circunstâncias, não foi a melhor.

Só jogadores experientes e com método de trabalho conseguem tirar proveito de serem o saco de pancada. Para os restantes é desmotivador.

2 comentários:

Unknown disse...

Ler esta análise relembrou-me uma questão que ainda não percebi e que é a seguinte: porque motivo forma efectuadas 6 rondas e não 7? Tem relação com a quantidade de jogadores presentes ou é opção da Organização?
Porque, com 6 rondas, a classificação final é "adulterada" ( podendo não reflectir o facto de ficarem no topo os que nessa altura estiverem a jogar melhor) pelo facto de jogadores nos lugares cimeiros poderem não se defrontar entre si. Verificou-se neste caso que o 3º e 4º não jogaram nem com o 1º, nem com o 2º, nem com o 5º, o que certamente sucederia com mais uma ronda.
As faltas de comparencia deveriam tambem ser alvo de uma penalização que desmotivasse quem as pratica pois, para alem de "oferecerem" um ponto ao adversário, são tambem um motivo de desagrado para o jogador que ganha o ponto pois certamente preferiria ganhá-lo, jogando.
Um abraço

Tiago F. Pinho disse...

Olá, homónimo!

Acho que a opção principal foi manter o calendário das últimas épocas:

Apuramento no Natal;
Distrital/Honra no Carnaval;
Nacional na Páscoa.


Só que este ano, entre o fim das aulas e o Natal só "sobraram 5 dias".

Daí as 6 rondas, sendo um dia com sessão dupla.

Provavelmente a AXP não quis / não pôde continuar a prova entre o Natal e o Ano Novo.