quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A fazer lembrar a APMX... [aditada adenda]


Olímpicos contra Vicente Moura: "Não se tem portado à altura"


Os atletas estão contra a continuidade de Vicente Moura à frente do Comité Olímpico de Portugal (COP) e, nesse sentido, não vão apoiar a sua recandidatura. A posição foi manifestada esta quarta-feira, no Estádio Nacional, numa conferência de imprensa que reuniu alguns dos melhores classificados nos Jogos de Pequim e o próprio medalha de ouro no Triplo Salto.

«O presidente do COP não se tem portado à altura dos atletas. Fomos abandonados quando mais precisávamos de apoio. Gostaríamos que o movimento associativo ouvisse os atletas e encontrasse alternativas. Gostávamos de uma mudança», defendeu Nuno Fernandes, presidente da Comissão de Atletas Olímpicos, ladeado por Nelson Évora, Gustavo Lima (Vela), Simão Morgado (Natação), Joaquim Videira (Esgrima), Nuno Pombo (Tiro com Arco) e Paulo Bernardo (Disco).


Dirigentes da Comissão de Atletas Olímpicos recebidos em S. Bento no início do ano.


Perante jornalistas e atletas - na assistência estavam, também, Marco Fortes (Martelo), a dupla Álvaro Marinho/Miguel Nunes (Vela), Arnaldo Abrantes (Atletismo) e Tiago Venâncio (Natação), entre outros -, Nuno Fernandes lamentou o facto de a Federação Portuguesa de Atletismo ser a «única» a ter «a coragem pública de denunciar algumas situações e de pedir uma reflexão» sobre o momento. «Isso entristece-nos», acrescentou.

Uma das consequências da recondução de Vicente Moura no cargo será a demissão de Nuno Fernandes. «Ao contrário do que aconteceu com o comandante, será a minha saída da Comissão de Atletas Olímpicos. Se sou o líder e tomo uma posição contra não tem cabimento continuar [caso Vicente Moura seja reeleito]», defendeu o antigo atleta do F.C. Porto (Salto com Vara).

«Seria bom que o movimento associativo encontrasse alternativas e não optasse pelo caminho mais fácil», perspectivou.


Noutra notícia do mesmo jornal,
«Se os atletas estão contra, por que é que as federações apoiam a recandidatura?», questiona Gustavo Lima



Gustavo Lima, quarto classificado nos Jogos de Pequim, admitiu que o relacionamento com a «actual» Direcção da Federação Portuguesa de Vela não é dos «melhores», contudo, não compreende como é possível os atletas e as associações que os representam estarem em desacordo e deixou uma pergunta.

«Se estamos contra o presidente do COP, por que é que as federações apoiam a sua recandidatura?», questionou.




Intervenções e questões que fazem lembrar a posição da Associação Portuguesa de Mestres de Xadrez sobre as convocatórias para as Olimpíadas de Dresden.

A resposta é que parece simples: porque, como naquela brincadeira de crianças em que a frase segredada no início da fila chega completamente desvirtuada ao final, os interesses dos atletas vão sendo alterados à medida que se sobem os degraus - clube, associação, federação... - da pirâmide da administração desportiva.

Adenda

Olímpicas xadrezistas em discurso directo retirado do Xadrezismo:

(...) Ariana abordou o aspecto mais melindroso desta participação Olimpica: ”Por um lado, foi bom podermos jogar as 4 em simultâneo (o que não aconteceu nas outras olimpíadas), porque mantivemos a nossa homogeneidade enquanto equipa, o que outros países não conseguiram. Nós saímos de Portugal já sabendo que íamos jogar os 11 jogos, e tinhamos acordado neste aspecto com a Armanda Plácido, nossa capitã de equipa e 5ª jogadora. Apesar do meu problema de saúde, eu fiz os possíveis para continuar em prova porque sabia que era o melhor para a equipa, e que a nossa capitã não teria disponibilidade para jogar nos últimos dias. Não se pôs a questão de eu descansar alguma sessão simplesmente porque sabíamos que era o melhor para a equipa continuarmos a jogar as 4, e eu já sabia quando saí de Portugal que iria para Dresden jogar as 11 jornadas.

Nunca pensei vir a ter de desistir de um jogo, infelizmente, isso aconteceu porque me senti mal, talvez por o jogo ter sido logo de manhã. Como foi na última sessão, não houve a questão do que fazer "a seguir", mas provavelmente não iria poder continuar a jogar nas mesmas condições.

No entanto, nada disto invalida o facto de o facto de jogarmos apenas as 4 ter tido influência nos nossos resultados. Se tivessemos uma suplente à altura os nossos resultados teriam sido obviamente melhores, porque poderiamos ter descansado nas rondas em que defrontámos adversárias mais acessíveis, ou, no meu caso, poderia ter descansado assim que me comecei a sentir pior. É de lamentar que tenha existido um lugar vago pago pela organização e a FPX não ter enviado ninguém a esse lugar...

Agora, nas condições em que nos encontrávamos e que, apesar de discordarmos, tinhamos aceite, com a Maria Armanda como 5ª jogadora, a substituição de uma de nós iria ter influência negativa na equipa pois a Maria Armanda não se encontrava em Dresden para jogar nem teria força de jogo para defrontar a maioria das adversárias que enfrentámos. Na minha opinião esta seria uma influência negativa maior do que aquela provocada por eu não me encontrar nas melhores condições de saúde.”

A esta critica, junta-se a voz da 1ª tabuleiro Portuguesa: Catarina é peremptória ao afirmar: “desde a Olimpíada de 2000, a selecção feminina não teve qualquer apoio!” e depois, com a mesma frontalidade revelada por Ariana, continuou: “foi pena que tudo se tenha decidido muito em cima da hora de início da Olimpíada. Em Outubro, pedi uma reunião à Federação, mas não tive resposta. Quase na altura de partirmos, a Maria Armanda informou por e-mail que apenas seria capitã de equipa, não estando disponível para jogar qualquer partida, a não ser que algo de transcendente acontecesse. Mas em minha opinião o problema de fundo é a inexistência de uma 5ª jogadora com força de jogo equivalente ao de nós as quatro e para isso é que a FPX devia olhar, proporcionando condições reais de evolução às restantes jogadoras
(...)

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