quarta-feira, 17 de junho de 2009

Classificação da série D da 2.ª Divisão ainda não homologada

Protesto do Grupo Desportivo da Carris leva a Direcção da Prova a "suspender" a classificação.

in SCN





Findos os xeques-mate, a luta pela permanência na série D da 2.ª Divisão continua. Depois do mega-empate final entre quatro equipas - a equipa II do Albufeira, o Ateneu Setubalense, o Feijó e o Grupo Desportivo da Carris terminaram esta fase com 13 pontos cada -, o xadrez joga-se agora na secretaria quanto à aplicação dos critérios de desempate previstos no regulamento da prova.

O ponto 2 do Capítulo V do Regulamento da 2.ª Divisão do 51.º Campeonato Nacional por Equipas dispõe que "se duas ou mais equipas obtiverem o mesmo número de pontos, a respectiva classificação final, tanto nas séries como nas poules, será determinada por aplicação sucessiva dos seguintes critérios:

a) Resultado entre as equipas empatadas;
b) Soma dos pontos obtidos nos tabuleiros de todos os encontros;
c) Critério BSV, atribuindo as seguintes ponderações aos pontos obtidos nos tabuleiros em todos os encontros: 1.º - 100, 2.º - 92, 3.º - 86 e 4.º - 82;
d) Menor elo médio dos quatro melhores tabuleiros (com mais elo individual) de cada equipa."

E face a estes critérios, a Direcção da Prova ordenou as equipas colocando em 4.º lugar o Ateneu Setubalense, em 5.º o Feijó, em 6.º o Albufeira e em 7.º, primeiro lugar abaixo da linha de água, o Grupo Desportivo da Carris.

Não se conformando com esta ordenação, por considerar que a direcção da prova "aplicou erradamente o regulamento", a equipa em risco de despromoção apresentou um protesto que levou a Federação Portuguesa de Xadrez a "suspender a classificação até à decisão sobre o mesmo".

Para Paulo Afonso, capitão da equipa da Carris, face àquela alínea a) do regulamento, "como empataram quatro equipas com os mais diversos resultados entre si, o desempate deve ser efectuado através de uma «mini-liga» a quatro", na qual "o GD Carris e o CR Feijó continuam empatados, com 5 pontos".

Na opinião deste responsável, neste caso "deve-se avançar para o critério seguinte, que consiste no somatório dos pontos de tabuleiro obtidos em todos os jogos", o que favorece a Carris que fez 13,5 pontos, contra 12 do Feijó.

A divergência surge nesta fase do desempate, como explicou ao SCN, por a direcção da prova divergir na interpretação do regulamento, "aplicando, agora às duas equipas empatadas, o mesmo primeiro critério, ou seja, o resultado directo entre ambas, favorável ao Feijó", o que se lhe afigura não "ser a interpretação correcta, uma vez que o primeiro critério de desempate se esgotou na referida «mini-liga», e o regulamento refere a expressão «sucessivamente» e não «repetidamente»", pelo que "se deve avançar para o critério seguinte".

Aliás, se assim não fosse e "caso se repetisse o primeiro critério, agora só às duas equipas, como é que a FPX poderia ignorar que vencemos, por exemplo, a equipa do Ateneu Setubalense?", questiona o capitão da Carris, enquanto se mostra surpreendido pelo resultado do encontro Santoantoniense - Albufeira, que garantiu a subida daquela, evitou a despromoção desta e originou o mega-empate entre 4 equipas, ao terminar igualado apesar da diferença de força de jogo dos diversos pares de adversários.

Com efeito, o encontro terminou com empates em todos os tabuleiros, sendo que todos os jogadores do Santoantoniense se encontram melhor classificados no ranking internacional que os xadrezistas que alinharam pelo Albufeira, pelo que o favoritismo recaía sobre a equipa da margem sul.

Paulo Afonso sublinha que as regras da modalidade não impedem os chamados empates de salão, que, aliás, os atletas do Grupo Desportivo da Carris não sabem se ocorreram: "apenas nos parece que assim tenha sido, dada a diferença de elos em presença", disse o capitão, realçando que, mesmo que efectivamente tenham sido acordados empates de salão, "o comportamento foi legal, embora, do ponto de vista desportivo (ou ético, se desejar) pareça ter sido pouco correcto".

Na verdade, o xadrez é dos poucos desportos em que as regras admitem que os jogadores proponham e aceitem que a partida termine empatada. Mas devido à insatisfação dos espectadores e dos patrocinadores, a Federação Internacional de Xadrez (FIDE) tem procurado várias soluções para evitar que este mecanismo de terminar a partida afaste a combatividade do tabuleiro.

Impedir a proposta de empate antes de se realizarem um certo número de jogadas, os xadrezistas jogarem de novo até um vencer, a aplicação de outro sistema de pontuação (3 pontos para a vitória, em vez de 1, e um para o empate, em vez de meio) ou consequências nos prize moneys, bem como a eliminação, pura e simples, da possibilidade de acordo de empate, foram algumas das soluções experimentadas.

O ano passado, em Dresden, a FIDE aprovou uma alteração às regras da modalidade que entrará em vigor no segundo semestre deste ano, através da qual remete a solução desta questão para o regulamento de cada prova que determinará se a proposta de empate é possível, limitada ou excluída na competição respectiva.

O protesto apresentado pelo Grupo Desportivo da Carris será decidido no prazo de cinco dias úteis, contado da sua apresentação, pela Direcção da Federação Portuguesa de Xadrez.

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