Fez a ponte entre a secção de xadrez do Estrela e Vigorosa Sport do Pedro Baixinho Rodrigues e a turma dos domingos do GX Porto (2008/09). Tentou seguir a AG da FPX, mas não correu bem (2009). Aguardou melhores dias com os olhos postos nos Apaxes En Passant (10-10-10/2012). Entre 10-2014 e 10-2015, foi o ponto de encontro virtual da aventura xadrezística da Carolina, do Simão, da Beatriz e do Fernando. Agora serve de apoio às "Torres de Loulé" (facebook.com/xadrezloule)
Após três dias sem novidades, a Associação dos Leitores do Blogue, entretanto constituída, vai organizar, com carácter de urgência, um debate sobre o estado moribundo deste, para o qual todos estão desde já convidados. A situação ganhou novos contornos quando, após várias procuras e sucessivas pesquisas sem resultados, o desespero tomou conta dos leitores que se cansaram de buscas com resultado em branco.
Dois destacados especialistas - um advogado antigo jornalista, actual representante da O.A., e um advogado actor, em tempos mediático professor - discutirão o tema "Buscas em Branco - Terrorismo Vigoroso?", numa mescla de saberes que pretende dar um renovado olhar interdisciplinar a esta questão que está na ordem do dia. O debate será depois alargado à assistência e será transmitido em directo no forum da TSF.
ps: Infelizmente, antes de o cartaz seguir para a tipografia, houve um problema com a identificação das fotos...
Alguém é capaz de distinguir o Professor do Tonecas do Senhor Bastonário?
Como se pode ver no site oficial do super torneio Corus 2009, participa na "primeira divisão" da competição - a GM A - o xadrezista Y. Wang.
Não é o nosso colega de equipa, mas pode ser que qualquer dia seja o Rui Yang Wang o participante... :)
Y. Wang & Y. Wang
Afastado do anonimato, o mais forte Grande Mestre chinês caminha a passos largos para a conquista definitiva de um lugar na lista de elite mundial. A sua subida até ao 11.º lugar do ranking internacional (o mais elevado que alguma vez um xadrezista chinês alguma ^vez alcançou) foi meteórica: desde 2004, quando tinha perto de 2500 pontos, o seu elo subiu cerca de 250. Actualmente, estuda na Universidade de Nankaitudent at the Nankai University in Tianjin, tendo começado a jogar xadrez com 6 anos e sido campeão mundial sub-12. Obteve o seu título de GM em 2004, com 17 anos, e rapidamente coleccionou uma série de vitórias e outros bons resultados em vários eventos, por todo o globo.
Em 2004, venceu o Campeonato Nacional da China e, pouco tempo depois, o Campeonato Mundial Júnior. Alcançou a 4.ª eliminatória da Taça do Mundo, em Khanty Mansisk - 2007, e o ano passado alcançou o seu melhor resultado ao vencer ex-aequo o Grand Prix FIDE de Baku. Seguiu-se um 3.º lugar no Grand Prix de Sochi com 7,5/13 e a vitória no torneio do Hotel NH, em Amesterdão, com 8,5/10.
Wang detém um recorde impressionante de 85 partidas consecutivas sem perder, alcançado em 2008, série que foi interrompida com a derrota recente na primeira joranada do Grand Prix de Elista, na primeira jornada contra Jakovenko.
Actualmente é o 13.º do ranking mundial com 2739 pontos de elo. (ver página do Corus)
Apesar das devidas distâncias, os dois Wangs partilham algumas características:
Ambos são estudiosos e empenhados...
Os dois conhecem a importância da concentração...
Quer um quer outro sabem que a matreirice é fundamental para ultrapassar o adversário...
E têm a garra e a determinação dos bons xadrezistas, nunca virando a cara a um combate vigoroso!
Retirados do blogue dos Amigos de Urgezes, aqui ficam os comentários às partidas do encontro que opôs aquela equipa ao GXP B, relativo aos 1/32 da Taça de Portugal 2008/09.
No xadrez não há bolas no poste, nem golos falhados de baliza aberta. Mas no final do encontro com a equipa do Grupo de Xadrez do Porto, no passado sábado, a sensação que eu tinha era a de termos falhado uma série de oportunidades, e em consequência disso, termos sido impiedosamente goleados. Depois de mais ou menos uns quarenta minutos decorridos na sessão, levantei-me para observar os meus colegas. O Vítor parecia estar em dificuldades, mas ao Carlos e a mim os jogos estavam a correr bem. O jogo do Hugo era demasiado complexo para que pudesse ter uma opinião, mas até aí, nada mal. Passado pouco mais de uma hora, já eu e o Carlos tínhamos perdido, enquanto nos outros tabuleiros pouco havia mudado. Foi só ao fim de três horas e meia que a nossa derrota se tornou oficial. Os jogos não merecerão uma análise muito aprofundada, mas vou tentar capturar os momentos críticos, quando o curso do encontro poderia ter sido alterado. A nosso favor, é claro.
Destaques da partida Vítor Costa (1704) - Hélder Pinho (1829)
Começando pelo jogo do tabuleiro 1, o Vítor deu (ou perdeu) um peão no final da abertura, mas conseguiu um peão passado na coluna b. As pretas conseguiram avançar os peões centrais, mas nesta posição
o Vítor escolheu dar um xeque em a2 com a dama. O xeque em b3 com o bispo, no entanto, obrigaria a uma troca de torres na coluna c e o consequente enfraquecimento do ataque na ala do rei. Pouco depois as brancas têm outra oportunidade.
As pretas jogaram 33…Te8. Mas o cavalo pregado em d5 é um problema, e se as brancas jogam 34. f4, o melhor para as pretas parece ser tomar o peão, permitindo às brancas trocar a torre pelos dois cavalos. Depois de 34, f4 exf4 35. Txe3 dxe3 36. Dxe5+ Rh8 37. Ce5
qualquer resultado é ainda possível. O mais provável é que o jogo termine com xeque perpétuo. E pouco mais à frente, ainda uma última chance para as brancas.
Se as brancas tomam a dama, qual peão é mais perigoso? O de b5 ou d4? Depois de 37. Qxe7 Txe7 38. Tb2, não seria fácil apostar num resultado final. Diga-se que o Vítor já tinha pouco tempo no relógio nesta fase do jogo (menos de 10 minutos) e que mesmo depois de toda a tensão acumulada num jogo tão complexo as pretas fecharam com uma excelente combinação. Notável a presença de espírito do Hélder Pinho ao final de mais de três horas de xadrez!
Destaques da partida Carlos Castro (1628) - Carlos Machado (1628)
No segundo tabuleiro, tudo estava calmo até que o Carlos (de pretas) ganhou um peão ao lance 24. Devolveu-o logo a seguir e esta posição foi atingida no lance 29.
O peão de c5 é indefensável, mas os dois peões passados são perigosos. O Fritz sugere 29…Cd3, mas incrivelmente, o Carlos jogou 29…d3, a que se seguiu (claro) 30. Dxc5. O Carlos lutou até final, mas com uma peça a menos já não havia muito a fazer. Embora tenha tido o maior número de lances de todo o desafio, este foi o primeiro jogo a acabar.
Destaques da partida Alexandre Mano (1564) - Joaquim Brandão de Pinho (1821)
O meu jogo já foi analisado pelo Joaquim Pinho, pelo que só vou relatar as minhas impressões. A abertura correu-me muito bem, e as pretas foram obrigadas a enfraquecer o roque e isolar um peão numa coluna aberta para evitar males maiores. Chegado a esta posição
pus-me a pensar que não deveria ter permitido os dois últimos lances das pretas (Cbd7 e Bd5), que fortaleceram a defesa, enquanto os meus (De2 e Tae1) não seriam muito relevantes. Ainda a pensar no que deveria ter feito e não no que devia fazer, decidi que não podia deixar o peão de e6 avançar que o bispo estaria melhor em e5 que em g5. E daí joguei 17. Bf4. O meu adversário não demorou mais de um minuto a ver que o bispo em f4 era um alvo fácil e o resto está na análise do jogo. Mas depois deste disparate, o meu cérebro bloqueou e só passei a ver lances parvos, além de ter ficado imediatamente convencido que estava perdido, quando uma análise fria ter-me-ia convencido que eu nem pior estaria. O meu adversário, claro, foi implacável e ganhou convincentemente.
Destaques da partida Hugo Silva (1518) - Francisco Reis (2040)
Já o jogo do Hugo foi muito complexo, e é natural que tenha havido vários erros de parte a parte. Depois de perder um peão ao lance 13, o Hugo teve algumas hipóteses para recuperar o material, mas não as aproveitou. Mas nesta posição, com os dois jogadores já nos últimos minutos do seu tempo,
um lance normal como 36…Bd7 teria ainda deixado tudo em aberto, embora as brancas mantenham o peão a mais. Mas o Hugo jogou 36…Ta8 ao que o Francisco Reis imediatamente respondeu com 37. Dh6. Um esforço fantástico do Hugo, que acabou de forma inglória.
Conclusões? Como escrevi no início, não há “ses” no xadrez, mas 4-0 foi um resultado cruel para nós. É claro que temos de melhorar, mas acredito que resultados destes tornar-se-ão cada vez mais raros, porque estamos a crescer. E uma última palavra aos nossos adversários: limparam-nos o sebo, mas será difícil recebermos equipa mais simpática que os amigos do Grupo de Xadrez do Porto. Mas, como o Vítor disse no final, vejam lá se para o ano não mandam a equipa C para nos dar um enxerto!
Sem muita disponibilidade de tempo, volto ao blogue para tratar de um tema que me interessa, o da dopagem no xadrez. Consciente de que os Desafios estão muito atrasados, tentarei actualizar tudo mais logo.
No início de Dezembro, em comentário ao post da Casa do Xadrez - "Doping in Dresden: The Ivanchuk file" -, equacionei uma hipótese para o "caso Ivanchuk" ser resolvido sem ninguém perder a face. (Infelizmente, não é novidade para ninguém que, a este nível, a "justiça desportiva" é só uma variante da politiquice desportiva...)
A solução passava por um vício do procedimento - a ausência de notificação. A existência deste vício formal tornaria o acto ineficaz, logo inoponível ao xadrezista.
Comentei assim no dia 3: «"This could not be implemented, since nobody was able to restrain Ivanchuk and convince him to participate." Será que ele desapareceu antes de ter sido notificado para comparecer no controlo? Se assim foi, está resolvido. Não há violação das normas anti-dopagem.»
E deste modo no dia seguinte: «Em http://susanpolgar.blogspot.com/2008/12/ivanchuk-saga-update.html: Vassily Ivanchuk's own words are cited by Mikhail Khomich in his chess blog at Sports.ru (by the way, one of the most known chess blogs in Russian). A rough translation: IVANCHUK: "This all seems like pure madness!! But such spectacles sometimes happen in our world. I simply left, being upset after losing a game, and did not listen to a man who I was seeing for the first time in my life, and whose identity I don't know until now. You see what a comedy it was :-)" Source: ChessToday.net
Ou seja, diz o visado que, no depois de ter perdido uma partida decisiva na prova de clubes mais importante, num local que costuma ter muito público, media e staff a passear, não ligou a um senhor que disse não sei o quê e que ele continua a não saber quem é... Para se safar tinha que ser pela falta de notificação... agora se isto se passou assim ou se está um porco a andar de bicicleta por aí, já são outros 500 :)»
Decisão da Comissão de Inquérito da FIDE Wijk aan Zee (Holanda), 21 de Janeiro de 2009
Os controlos antidopagem ainda são relativamente raros no xadrez. Contudo, têm sido efectuados em várias provas oficiais, como aconteceu durante a Olimpíada de Dresden. Infelizmente, uma elevada percentagem de controlos foram marcados para a última jornada e não havia pessoal suficiente, o que originou um erro procedimental: não foi designado um responsável pelo controlo antidopagem no encontro Estados Unidos - Ucrânia.
Após ter sido derrotado numa partida crucial para o seu país, o Senhor Ivanchuk descontrolou-se. A Comissão de Inquérito conclui que apesar do árbitro ter tentado informar o Senhor Ivanchuk, em inglês, que ele o deveria acompanhar para efectuar o controlo antidopagem, aparentemente o Senhor Ivanchuk não compreendeu tais indicações, o que é compreensível por o inglês não ser a sua primeira língua. Se houvesse um responsável pelo controlo antidopagem presente, ele teria-se dirigido ao tabuleiro do Senhor Ivanchuk logo após o final da partida e teria havido uma melhor comunicação. Neste caso, a actuação do Senhor Ivanchuk poderia ter sido diferente. Como não houve notificação do responsável do controlo antidopagem, não houve recusa de submissão ao controlo, nos termos regulamentares.
O erro procedimental, juntamente com o estado de espírito do Senhor Ivanchuk, levou-o a, sem intenção, faltar ao controlo. Consequentemente, a Comissão de Inquérito conclui, por unanimidade, que não há lugar à aplicação de qualquer sanção.
* * *
Juridicamente imprecisa mas politicamente perfeita, salva-se a rapidez com que tudo se resolveu: menos de dois meses e sem suspensão provisória do xadrezista.
É pena que o tempo da justiça desportiva da FPX seja bastante mais lento (e a Dura Lex bastante mais dura), com os prejuízos inerentes para os atletas que se vêem emaranhados nas teias dos procedimentos antidopagem.
A comemoração do 82º aniversário da FPX terá lugar na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto no dia 22 de Janeiro, constando do programa o primeiro treino de xadrez por videoconferência para vários pontos do país, uma simultânea dirigida pela campeã nacional feminina, a Mestre Fide Feminina Ana Baptista, com início pelas 16:00 horas, e a entrega de diplomas e insígnias a treinadores, árbitros e titulados FIDE.
O evento, para cujas acções estão convidados todos os interessados, conta com a colaboração logística da AXP, que felicita a FPX, na pessoa do seu presidente António Bravo, por mais um aniversário, e dá as boas-vindas à WFM Ana Baptista, no seu regresso à cidade onde tão brilhantemente conquistou o seu título de campeã nacional feminina, em Julho passado.
Com mais duas partidas da equipa D na forja, aqui fica a primeira apresentação sobre os 1/32 da Taça de Portugal, no que nos diz respeito. Para hoje, temos os destaques do 4.º tabuleiro do Grupo de Xadrez do Porto A - Grupo Desportivo Dias Ferreira B.
OS ANTECEDENTES
O primeiro sorteio ditou uma deslocação a Guimarães, para defrontar os Amigos de Urgezes. Acho que não cometo nenhuma inconfidência se disser que, para esse encontro, o nosso "seleccionador" tinha previsto uma rotação da equipa principal em 50%, sendo que eu fui um dos suplentes convocados.
Todavia, após a anulação do sorteio inicial, o novo adversário passou a ser o Dias Ferreira B, forte equipa frente à qual poderia ser imprudência grande não apresentar uma formação mais consistente. Assim, só por motivos de força maior o GXP não reuniu o seu 4 mais forte, sendo que me calhou a mim o privilégio de substituir o Hugo Martins.
Na verdade, não foi sem algum desconforto que vi as 15h00 de sábado chegar rapidamente. Afinal não há segunda oportunidade para nos estrearmos da melhor forma na equipa principal do nosso clube numa prova nacional. E logo a eliminar!
Mal recebi o email da convocatória, pus-me de imediato a fazer previsões para ver se adivinhava quem é que o Vitorino Ferreira iria fazer alinhar no 4.º tabuleiro da sua equipa B. A minha ideia era que iria jogar com o Estevão Gomes ou, caso este ou o Daniel Quintã faltassem (o Jorgievsky e o Caramez vão a todas!), com o Fernando Nora.
No entanto, como o tempo por estes dias não abunda, só na sexta à noite e no sábado de manhã, colocando os livros do estudo de lado, revi dois sistemas de aberturas. Prejudicado ficou o exercício do J... aqui no blogue, que continua em lista de espera.
Almocei com os meus pais nesse sábado e informei-os que, se não estivesse em casa à hora de jantar, me poderiam procurar talvez no beco do Ateneu: a minha ausência seria provavelmente sinal de que teria comprometido a passagem da equipa à próxima eliminatória, e que os meus colegas, desistindo do Perde-Ganha, teriam entendido que a modalidade ideal para mim seria o Chess Boxing, modalidade a que prontamente me introduziriam... :)
Quando cheguei a Passos Manuel vi o Nora a entrar no Grupo, pelo que presumi que fosse ele o meu adversário. Ainda parei na Casa das Tortas para um café rápido e, quando subi, logo fui recebido pelo meu ilustre capitão - "És tu que vens jogar? E chegaste a horas?", perguntou, fazendo-se duplamente surpreendido (quanto à segunda, creio que realmente!).
Cumprimentos efectuados, boas-vindas dadas, foi tempo de me sentar no tabuleiro onde ficaria nas 4 horas seguintes...
Fernando Nora - Tiago B. Pinho (corcunda e cabeludo!)
A ABERTURA
O Nora abriu com 1. e4. Seguiu-se ... e5, 2. Cf3 Cc6, e até aqui continuava satisfeito. Um dos sistemas que revira iniciava-se precisamente assim. Mas foi sol de pouca dura. Após breve reflexão, o Nora joga 3. d4 ao que eu contestei com ... exd4 e ele replica com 4. Bc4!
4. Bc4, o Gambito Escocês
Esta foi a primeira vez que pensei "Ora, bolas!" nesta partida, pois estou mais habituado a defender a Abertura Escocesa que segue com 4. Cxd4 e sabia que esta continuação tinha variações venenosas.
Passei os momentos seguintes a tentar recordar-me dos ensinamentos do Igor Pires, de Aveiro, na análise da partida que jogámos em Guimarães, em Setembro.
O Igor é um especialista na Escocesa. E eu recordava-me bem que havia dois pontos importantes sobre esta abertura a que deveria atentar. Infelizmente, só me recordava de um: tinha que ter muita atenção aos sacrifícios em f7!
Com isto em mente, lá coloquei o Bispo em c5 e o Nora presenteou-me com o 5. c3 da praxe.
5. c3, o lance que chateia quem não sabe teoria.
"Quem não sabe é como quem não vê!" E eu não sabia a teoria do Gambito Escocês! Fiquei um pouco atrapalhado pois presumi que, se o Nora havia escolhido esta abertura, teria feito o seu trabalho de casa e estava preparado para sacrificar.
Ora, normalmente, nas minhas partidas, quem sacrifica sou eu. E a minha beatice em relação à Caissa de ataque turvou-me o pensamento. Alertado para a fragilidade de f7, o que vi foi o seguinte: 5. ... dxc3 6. Bxf7+ Rxf7 7. Dd5+ e agora as continuações
A) 7. ... Rf8 8. Dxc5+ d6 9. Dxc3 ou B) 7. ... Re8 8. Dh5+ g6 9. Dxc5 cxb2 10. Bxb2
não eram do meu agrado. De maneira que optei por não abrir linhas: avancei o peão e depois defendi o Bispo, qual mariquinhas, tendo noção que esta decisão me poderia fazer passar as passas do Algarve...
A partida continuou com 5. ... d3 6. Dxd3 d6
Só em casa me lembrei da segunda dica do Igor! É curioso como a ordem dos lances pode atrapalhar um neca...
Toda a gente conhece a Abertura Italiana, não é? Quase toda a gente, quando começa a jogar, opta por ela. Durante anos foi a minha opção para responder a 1. ... e5. Até quase que a posso cantar, como se fosse tabuada:
1. e4 e5 2. Cf3 Cc6 3. Bc4 Bc5 4. c3 Cf6 5. d4 exd4 6. cxd4 Bb4+ 7. Bd2 Bxd2+ 8. Cbxd2 e agora d5!, o lance salvador. Muito conhecido, não é?
Pois então, descubram as diferenças...
À esquerda, o Gambito Escocês após 4. Bc4. À direita, a Italiana após 4. ... Cf6.
Era esta a dica do Igor que eu não recordei e nem me passou pelo espírito! Em vez de jogar d3, podia ter simplesmente transposto para a Italiana com Cf6, entrando em águas que conheço razoavelmente bem!
Nem nas análises, quando Cf6 surgiu no tabuleiro, após sugestão, salvo erro, do Estevão, vi o padrão da Italiana ali a um palmo do nariz. É muito triste saber a tabuada dos 6 e saber que 6x7=42 e, quando questionado sobre a dos 7, não fazer ideia de quanto é 7x6... Talvez tenha que estudar a propriedade comutativa da multiplicação das aberturas de xadrez!
E por falar no Estevão e no Igor, antes do Meio-Jogo, uma pausa para descansar e ver uns apuros de tempo entre eles, neste vídeo do Elirub:
O MEIO-JOGO
Lá consegui sobreviver à abertura segurando a casa f7, mas a verdade é que me sentia um pouco desconforável com a minha posição, muito devido à pressão dos Bispos brancos.
De maneira que tentei eliminar o Bc5: 9. ... Be6 10. Bxe6 fxe6.
Tendo assim atingido a posição em que as brancas fizeram a sua escolha decisiva.
Após 10. ... fxe6
O Nora teve aqui uma opção interessante. Aplicando aquele dizer conhecido "Depois de trocares é a tua vez de jogar", tentou tirar partido do meu peão em e6. Jogou 11. e5, um lance que me surpreendeu. A ideia é, depois de dxe5, em que as negras ficam com peões dobrados e isolados, jogar para ganhar o peão de e5 e, depois disso, ter o peão de e6 como alvo permanente.
Não perdi muito tempo depois deste lance, pois a minha resposta era única. Só havia uma forma de evitar perder o Cavalo de f6... tinha de tomar o peão!
Após 11. ... dxe5
Optei por tomar de peão para colocar a Dama em jogo, embora comer de Cavalo talvez fosse melhor. Durante a partida, a sequência que vi foi 12. Db5 Bb6 13. Cxe5 h6, com a minha Dama a olhar para o Cd2. Já o Nora, na análise, disse preferir 12. De2, o que me parece demasiado passivo. Tal como o Estevão, depois de 12. ... Dd5, se 13. Bxf6 tomaria o Bispo com o peão, preferindo ter o Rei "à chuva" do que os peões de E isolados.
Neste momento crítico, o Nora cometeu duas incorrecções que me permitiram passar para uma posição bastante confortável. A primeira foi jogar 12. Dc5.
12. Dc4, apesar de ser um ataque duplo ao Bc5 e a e6, é convenientemente refutado por Dd5
E depois 13. Tae1 também não melhora a situação porque, apesar de parecer um lance "natural" que vai lutar pela coluna E, as negras têm um forte antídoto à disposição...
Após 13. Tae1
Creio que o meu lance seguinte foi o que desequilibrou definitivamente a partida. Com o meu centro em pressão por todos os lados, mais do que pensar em defender a todo o custo, o meu primeiro pensamento foi tentar tirar partido da boa articulação das minhas peças e do domínio que tinha no centro na tabuleiro.
Certo que tinha dois peões dobrados e isolados. Mas eram os únicos que estavam no centro. Além de que, como todas as outras fraquezas, ter peões dobrados e isolados só é mau se o adversário os puder atacar! Ora, no caso, a minha "fraqueza" era precisamente a minha melhor arma...
As negras tomam conta do jogo com 13. ... e4
- Se as brancas fugissem com o Cf3, perdiam o Bg5; - Se Bxf6, as negras trocam Damas e depois tomam em f3, mantendo o Bf6 atacado; - Se Cxe4, as brancas perdem a Dama...
Face às alternativas, as brancas optaram por trocar as Damas.
Tendo depois jogado 15. Ch4 (15. Cb3 talvez não fosse pior) Cg4 e para defender f2, as brancas jogaram Be3.
Sendo que após Cxe3, são as brancas que têm um peão isolado em E, além de um Cavalo quase sem casas de fuga em h4.
O FINAL
Com peças melhor colocadas e mais espaço, na sempre difícil transição para o final, as negras, numa altura em que apuros de tempo já batiam à porta, antes de descobrirem o plano vencedor, limitaram-se a melhorar a posição das suas peças e piorar a das do adversário.
E aqui falhei 25. ... Cd1 que deveria ser o princípio do fim. Só vi 25. ... Ch3 26. Rg2 g5 27. Rxh3 Txf1
Seguindo-se 28. Cg2 h5 29. Ce1
A minha ideia era criar um padrão de mate, mas desisti dela mesmo antes de tentar... Poderia seguir-se:
29. ... Tg1 e se 30. Cc2?? Be7 é imparável com g4# ou hxg4#.
Todavia, as brancas tinham 30. Cg2 Rf7 (a caminho da protecção dos peões) 31. g4 Rg6 32. c4 (procurando contra-jogo na ala de Dama) embora hxg4+ - que eu já não vi - desse uma continuação razoável às negras.
Depois daquele 29. Ce1, joguei Rg7
Seguindo-se 30. Rg2 Tf8 31. Cc2 Tf3.
Depois de 32. Cc2 g5, a falta de espaço das brancas não permite uma defesa capaz contra o plano Rg7-f7-e7-d7-c7 e o avanço de b6 e dos peões da ala de Dama. Mesmo trocando o Bispo pelo Cavalo, as negras devem ter o final ganho.
Após 41. ... Rc6
Todavia, os relógios foram decisivos e acabei por vencer a partida por tempo, nesta posição.
O II Torneio da Academia de Espinho - Preliminar B do Campeonato Distrital Individual de 2009 - decorreu entre 9 e 18 de Janeiro nas instalações da Nave Polivalente de Espinho, com 33 participantes. Estavam em disputa 4 lugares na Final do Campeonato que foram garantidos por Francisco Mateus (1845 FIDE, AX Gaia, venceu todas as partidas!), Miguel Ferreira (1808 FIDE, AX Gaia), Hélio Sousa (1834, AX Espinho - fez um bloco FIDE de 1878) e José Manuel Azevedo (2050 FIDE, AX Espinho).
Participaram nesta prova 3 vigorosos - Manuel e Ricardo Pinho e Rui Wang -, cujo ranking inicial era dominado por jogadores da margem sul do Douro: da Academia de Xadrez local, José Azevedo (2050) e João Cálix (1879) ocupam as duas primeiras posições, seguidos de Francisco Mateus (1845), Miguel Ferreira (1808) e José Margarido (1723), todos da Academia de Xadrez de Gaia.
Com 10 jogadores com elo FIDE entre os 33 participantes, havia a possibilidade de os nossos colegas fazerem um bloco para o ranking internacional, o que veio a suceder com o Manuel Pinho: para fazer um bloco é preciso jogar pelo menos com 3 jogadores com elo fide e, contra eles, fazer pelo menos um ponto - ele jogou com 3 adversários FIDE com média de 1571 elo e fez 1,5 pontos, pelo que assegurou um bloco com aqueles 1571 pontos.
Blocos feitos neste torneio: Hélio Sousa (1878), Mário Fernandes (1624, Moto Clube), Manuel Brandão de Pinho (1571) e Pedro Dias (1436, AX Gaia).
Destaque ainda para a vitória do Ricardo (1296) sobre o Aníbal Nogueira (1743).
Todos os dados da prova podem ser analisados no Chess Results.
Manuel Brandão de Pinho 1557 pontos de elo, 15.º do ranking inicial 3,5 pontos, 10.º classificado com os mesmos pontos que o 5.º Bloco FIDE: 1571 pontos
1.ª jornada: venceu Ricardo Coelho (AX Espinho) 2.ª: venceu Pedro Pereira (1485 FIDE, 8.º rankong inicial, AX Espinho) 3.ª: perdeu com Miguel Ferreira (1808 FIDE, 4.º ranking inicial, AX Gaia) 4.ª: venceu Álvaro Duarte (AX Espinho) 5.ª: empatou com Filipa Ribeiro (1420 FIDE, 10.ª do ranking inicial, AX Espinho)
Rui Wang 1417 pontos de elo, 18.º do ranking inicial 3 pontos, 16.º classificado com os mesmos pontos que o 12.º