segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Equipamento para a Taça Europeia de Clubes



A "Liga dos Campeões" do xadrez decorrerá entre 16 e 24 de Outubro, na Grécia, e será disputada por 64 equipas, na prova masculina, e 21, na feminina, reunindo muitos dos melhores xadrezistas europeus. Não participará nenhuma equipa portuguesa.

O Comité responsável pela organização da European Club Cup 2008 assegurou a realização de reportagens diárias, em registo vídeo, para divulgação na televisão e na internet, e, por este motivo, as equipas participantes foram convidadas a comparecer nos encontros com os seus jogadores equipados a rigor.

Para as equipas sem equipamento, a organização propôs o seguinte código de vestuário (é um pólo, não uma tshirt):



Frente: N.º do tabuleiro, Logo e Identificação da Equipa;
Costas: Nome do xadrezista, Logo do Organizador/Patrocinador.


Foram aduzidas outras motivações para a adopção deste equipamento: uma apresentação mais cuidada e comum no mercado desportivo; planos mais atractivos para os media; melhor informação para os espectadores e os árbitros no local de jogo; eventuais protocolos com empresas de vestuário que poderão fazer colecções especiais para os adeptos; melhor promoção dos organizadores e dos patrocinadores; no futuro, clubes e federações poderiam contratar com os seus jogadores a exploração comercial das suas camisolas.


Por cá, que me recorde, só o Moto Clube tem equipamento:



Salvo algumas imprecisões, é um pólo azulão com fecho que tem o logotipo do clube na frente, a bandeira nacional na manga esquerda, o logotipo do patrocinador Alpi/Portugal na manga direita e a identificação da modalidade nas costas. Para o Aníbal Nogueira, o chapéu à cowboy é também obrigatório :)

4 comentários:

JSP disse...

O tempora, o mores!


Citando a página da organização:

«
· A more common and suitable appearance in the sports’ market
· A more attractive picture for the MEDIA world wide
· Better information for the spectators and the arbiters in the playing halls
· Co-operation with major sports firms who may design special collection for the hundreds millions of chess players.
· Better promotion of Sponsors and Chess Organizations»
,

etc...

Bem, respondendo-lhes ao pedido de compreensão & cooperação no mesmo idioma em que o formularam, aí vai:

What a bunch of crap!

Os únicos motivos para esta piroseira são económicos. Até estranho nunca terem proposto algo como cada um levar vestido o que bem entender, sendo depois a sacrossanta publicidade fornecida aos intervenientes sob a forma de pins, autocolantes, coleirinhas com e sem chapa, chapéus, protectores de orelhas — e por aí adiante.

Soa ridículo? Claro que sim. E muito. Mas «isto» que agora fazem, também, e pior, tresanda a hipocrisia.

Porque é que, nos últimos anos, o lugar do jogador de xadrez se tem vindo a tornar cada vez mais parecido com o do jogador/equipa de futebol — e aqui não me refiro só à indumentária, que acaba por ser o menos — e cada vez mais distante do jogador/par/equipa/o que for de bridge, de poker... até de golfe?!

Já sabemos que — mais que em qualquer outra altura — tudo está à venda. E, às tantas, muitos não acharão esta uniformização ofensiva — porque de resultado feio, é — MAS...

Será que o xadrez não possui interesse suficiente para subsistir no mundo actual por si só, sendo apenas o que é, sem se abastardar a certas pressões exteriores?!

É a ideia que dão, cada vez mais. Que ânsia em ter o xadrez reconhecido como um desporto! O xadrez, tal como inúmeros outros jogos possuidores de uma forte vertente profissional, possui elementos comuns com alguns desportos. Ou melhor, com aquilo que hoje se entende como desporto.

Mas também possui elementos que sem dúvida pertencem ao conceito de jogo — aquilo que fazemos em família aos sábados à noite quando não queremos ver TV, aquilo que fazemos numa tasca de aldeia quando nos queremos integrar entre os velhotes que passam as tardes a jogar à sueca, fino e amendoins sobre a mesa...

Isto é bastante claro, mas como o desporto está cada vez mais vendível em relação ao tipo de jogos em que o xadrez se enquadra — sim, porque os jogos que todos querem jogar, agora, são outros: têm luzinhas e sininhos, bonequinhas quase nuas e homenzinhos armados em trolls com AR-15 de 236ª geração... são fortemente interactivos e funcionam apoiados em enormes comunidades virtuais viradas para o combate à solidão e ao cyber-engate, tudo com o menor envolvimento cara a cara possível... os computadores vieram aumentar a qualidade do jogo de xadrez, mas também vieram criar um universo de tão fortes alternativas ao xadrez como passatempo que podem ter acabado por lhe fazer muito mais mal que bem... e o mundo dos computadores que jogam xadrez está uma treta... mas isso são outras conversas... — trata-se de se mudar a cara da coisa em si em nome dos novos interesses.

Interesses de quem? Do xadrez? Duvido. Tem a História do seu lado. Sobreviveu durante muitos séculos sem grandes revisões de estatuto, cada vez mais popular e melhor.

Dos espectadores? Certo, o interesse dos espectadores é um dos argumentos apresentados. Como espectador, nunca pensei «que bom seria se o Gelfand tivesse uma camisola a dizer «Gelfand» e um gordo nº4 nas costas...» Ainda por cima, grande parte das emissões xadrezísticas consistem em «relays» das partidas via suportes especializados. E mais, muito mais... Quisera eu fundamentar a irrelevância completa da informação referida para os espectadores, nunca mais daqui saía.

Dos árbitros??! Oh pelo amor de Deus...

Dos jogadores? Dos que vão ganhar mais uns trocos, alinhando numa bimbalhice do piorio? Não duvido que muitos aceitem sem pestanejar!

Mas também não serão eles a ficar com a parte de leão. Então quem? Quem sobra na hierarquia?

Céus, que feio... que feio, tudo. E isto do xadrez até costumava ser uma coisa cheia de charme.

:\

Tiago F. Pinho disse...

Olá, J!

Li o teu comentário no meu mail e vinha aqui dizer-te qualquer coisa do tipo "acho que percebo o que queres dizer e tendo a concordar contigo, mas penso que caio mais para o lado daqueles que "não acharão esta uniformização ofensiva — porque de resultado feio, [não] é —", com a particularidade de guardar para mim um sorrizinho sádico com que dou as boas-vindas ao neo-liberalismo escaquístico em que tudo é produto com preço etiquetado, recordando um autocolante gasto num poste eléctrico que dizia qualquer coisa como «O capitalismo afundar-se-á! Ajudemo-lo!», na esperança de que depois da tempestade vem a bonança e, com ela, talvez também o charme do xadrez que tanto te parece dizer."

Mas, chegado aqui, acabei por descobrir "o puto [que] (bebe)". E que boa surpresa! Perdi-me nas etiquetas - sem preço! bom, tirando por vezes a dos vinhos - atentei em algumas receitas apetitosas e demorei-me na tua partida com o Lee, a contar para Dos Hermanas 2002! :) Que grande anotação! Nem o facto de o alfabeto português não ser reconhecido pela aplicação prejudica grandemente as "cenas". Muito menos o "joguinho" "filho da minha dor", muito do agrado de qualquer kamikazeking.

JSP disse...

«Nem o facto de o alfabeto português não ser reconhecido pela aplicação prejudica grandemente as "cenas".»

Hey! Mas as anotações aparecem aí screwed-up no que toca a acentos e isso? Epá, que chatice... Neste PC aparece tudo bem (aliás, no ficheiro .cbh, idem!), fui ver ali no portátil da S (versão de sistema operativo diferente, browser igual, pagefile igual ao meu daqui) e também aparecia tudo bem.

Oh... não quero "erros" no meu covil!

E já agora, parabéns pelo teu.

Tiago F. Pinho disse...

Acho que não fui enganado pela minha vista nem estava a alucinar - certo que não tinha muito para fazer, mas não calhou estar em casa dos papás e nem sequer tinha as condições para um clima de reprovação silencioso... -: da primeira vez que visitei o blogue, aspas, acentos e quejandos estavam substituídos por quadrados (só nas notas da partida. Nas mensagens estava impecável).

Até ia fazer um print screen... só que hoje deparei-me com tudo imaculado.

Talvez a aplicação não tenha carregado totalmente na outra visita, não sei (o meu computador está a precisar de ser formatado e a ligação wifi tem os seus momentos...).

A verdade é que não há motivo para alarme. O covil está imaculado e aprazível, e recomenda-se.