segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Desafios 2008/2009


Como combinado, começamos esta semana com os Desafios de 2008/2009.

O sistema é o habitual: devem responder por email (mas não para a mailing list, pois aí ajudarão todos os outros que se podem aproveitar da vossa resposta :P) ou na caixa de comentários (não se esqueçam de assinar).

Periodicamente publicarei as respostas e actualizarei a classificação. Se houver participação que o justifique, antes de divulgar as respostas do(s) desafio(s) anterior(es) poderei publicar novo exercício.

Este ano, além de desafios originais, também contarão para a competição exercícios de revisão que já foram vistos nos treinos.

O melhor classificado receberá um prémio no Natal.

Boa sorte, Vigorosos!


1.


Jogam as negras.
Dica: revê o treino de 21 de Setembro

domingo, 28 de setembro de 2008

Vale de Cambra: Sergei Tiviakov vence Memorial Pedro Parcerias

Por Albino Silva em 16x16.



O grande-mestre holandês Sergei Tiviakov venceu a 19ª edição do torneio de partidas semi-rápidas de Vale de Cambra «Memorial Pedro Parcerias», que contou com a participação de 172 jogadores de 35 clubes.


Completaram o pódio os grandes-mestres sérvio Aleksa Strikovic e o argentino Alejandro Hoffman.

O melhor português, no quarto lugar, foi o mestre internacional Diogo Fernando, da Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra, equipa que venceu colectivamente.

O torneio contou na entrega de prémios com a presença dos familiares mais próximos do malogrado Pedro Parcerias, que acompanharam uma sincera homenagem de todos os presentes.




Os três primeiros classificados ladeados por dois irmãos do mestre FIDE Pedro Parcerias.



A mãe de Pedro Parceria durante o momento de homenagem ao filho, falecido no passado ano.



O grande-mestre sérvio Aleksa Strikovic vencedor da edição 2007 obteve o segundo posto.


Classificação no sítio da Internet da Associação de Xadrez de Aveiro.

sábado, 27 de setembro de 2008

Ana Baptista medalha de Bronze nos Europeus Femininos sub-18, em ritmo semi-rápido

Nove jogadoras disputaram, em sistema de todas contra todas, o Campeonato Europeu de Xadrez Feminino, escalão sub-18 anos, em ritmo semi-rápido.


Ana Baptista, com cinco pontos e apenas uma derrota, terminou em 3.º lugar.

Detalhes aqui.

Na mesma prova:

Escalão sub-18 masculino - Ruben Pereira foi o 15.º classificado;
F-14: Ana Meireles, 18.ª;
M-14: Filipe Martinho, 19.º;
M-16: Hugo Santos, 19.º;
M-16: António Vasques, 23.º;
F-12: Ana Rato, 23.º;
M-16: Miguel Silva, 24.º;
F-16: Marta Martins - 25.ª;
F-10: Diana Nogueira - 29.ª;
M-10: Henrique Aguiar - 30.º;
M-12: João Andias - 32.º;

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Xadrez e Poker

Por GM Oleg Korneev. Descoberto por António Caramez em Ajedrez en Madrid.



GM Oleg Korneev, jogador da AX Gaia


Acabei de ler a página de poker cuja publicidade se encontra no canto superior direito do site www.ajedreznd.com e estou impressionado com os resultados da última semana: o vencedor de um torneio internacional em Castellon ganhou € 28.000,00, o 3.º classificado do Internacional de Milão € 40.000,00, o 33.º do Torneio de Barcelona € 17.000.
Calma, meus senhores! Torneios de poker, não de xadrez!

Na mesma altura, 45 titulados – Grandes Mestres e Mestres Internacionais – estão a competir no Open Sants, durante 10 dias, por € 10.000,00 de prémios… no total! Um torneio em que participam mais de 500 jogadores!! Um torneio de xadrez – um jogo de enorme difusão pública, um reputado rei entre os jogos sociais e, ao mesmo tempo, incomparavelmente mais profundo, mais útil para o desenvolvimento pessoal e mais próximo da vida real que o poker!!!

O que é isto, meus senhores? SOCORRO!! Como caímos tão baixo??

E não me digam que no poker se tem que pagar inscrições e que num torneio de xadrez um Grande Mestre tem tudo pago. Trata-se de um argumento absurdo e primitivo! Um Grande Mestre, que tem a estadia paga no Open Sants, tem que se alimentar durante 10 dias (pelo menos € 200,00) e pagar o avião (uns € 300,00). Ou seja, gasta € 500,00. Este valor não é comparável com a inscrição num torneio de poker? Com a única diferença que num torneio de poker um profissional trabalha 2-3 dias, enquanto que no xadrez 10.

Talvez seja altura de esquecer a cortesia e começar a perguntar quem são os responsáveis por esta situação (do xadrez em geral, não apenas de Sants).

Suponho que não sejam os Grandes Mestres quem não está a lutar pela dignidade. Suponho que não seja o jornalista do “El Pais” que publicou uma peça excelente, baseada na realidade. Também não creio que os culpados sejam os simpatizantes da modalidade. Sim, é verdade que alguns escrevem coisas pouco inteligentes nos fóruns e respeitam muito pouco os grandes jogadores. Mas a maioria não tem poder de decisão quanto à parte económica do xadrez e as suas opiniões não são mais do que um reflexo do tratamento indigno que os grandes jogadores recebem nos torneios.

Penso que os principais responsáveis, os pais desta situação de desespero, miséria e vergonha que reina no xadrez profissional são os funcionários do xadrez, os organizadores, as pessoas que mostraram a sua indignação nos fóruns depois de lerem a pura, mas muito pouco agradável, verdade do xadrez actual, publicada em 2005 por um fiável jornalista do “El Pais”!

Mais um editorial do site AjedrezND e nova propaganda à miséria no xadrez. Abram os olhos, por favor! € 200.000,00 para 30 torneios não é coisa que nos deva orgulhar! Bem pelo contrário! Se fossem € 200.000,00 para 5 torneios, seria o primeiro a aplaudir. Mas € 200.000,00 para 30 torneios é uma miséria. Se alguém duvida, que compare este prize money com o dos torneios de poker, um jogo muito mais primitivo e primário que o xadrez!

Senhores organizadores, senhores funcionários das federações de xadrez, já chega desta PROFANAÇÃO DESENFREADA do xadrez!

Em vez de procurarem investir o mínimo em prémios para atrair o maior número de participantes, comecem, por favor, a pensar em como se pode dignificar o nosso maravilhoso, mas gravemente atacado pela miséria, jogo-ciência!

Cumprimentos a todos os amantes do Xadrez,
Oleg Korneev

Campeonatos Europeus de Jovens


Terminaram os Europeus de Jovens. Os nossos representantes não conseguiram fazer a surpresa que desejavamos, mas, ainda assim, há alguns resultados a destacar e uma conclusão a repetir: a este nível o nosso xadrez de fim de semana não tem hipótese.

Ana Rato (sub-12) - 39.ª do ranking inicial com 1508 pontos, terminou em 33.º com uma performance de 1860 que lhe valeram 26 pontos.

João Andias (sub-12) - 77.º com 1672, terminou em 65.º com uma performance de 1778 (+12).

António Vasques (sub-16) - 95.º (1897), terminou em 98.º (1964, +11)

Hugo Santos (sub-16) - 107.º (1672), terminou em 111.º (1749, +8)

Filipe Martinho (sub-14) - 78.º (1907), terminou em 85.º (1938, +4)

Marta Martins (sub-16) - 65.ª (1500), terminou em 73.º (1577, +3)

Ana Meireles (sub-14) - 55.ª (1531), terminou em 66.º (1278, -12)

Miguel Silva (sub-16) - 67.º (2074), terminou em 85.º (1997, -13)

Ana Baptista (sub-18) - 11.ª (2137), terminou em 21.º (2019, -19)

Ruben Pereira (sub-18) - 16.º (2418), terminou em 32.º (2271, -24)

Henrique Aguiar (sub-10) - 28.º (1596), terminou em 101.º (0, 0)

Diana Nogueira (sub-10) - 45.ª (0), terminou em 73.ª (0, 0)

Mais info: Site Oficial e ChessResults

Neste momento estão a disputar-se os Campeonatos Europeus de Jovens em ritmo semi-rápido.

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Albufeira promove estudo da música, xadrez, exercício físico e inglês




A Câmara de Albufeira aprovou na passada semana um conjunto de protocolos com vista à promoção e desenvolvimento de actividades extracurriculares nas escolas do 1.º ciclo do ensino básico do concelho.

(...)

Ao todo, o município vai investir cerca de 300 mil euros em actividades extracurriculares, com o objectivo de “dotar os alunos das condições necessárias que determinem uma evolução com conhecimentos mais abrangentes”.

Assim, vão ser reintroduzidas actividades extracurriculares como o estudo da música, o xadrez, o exercício físico e o inglês.



“O exercício físico nas escolas do 1º ciclo do ensino básico visam incentivar características como a destreza, a calma, bem como o domínio do movimento e a orientação. O desenvolvimento intelectual, com o xadrez, vem permitir alargar características como a criatividade, a inteligência, o raciocínio lógico – dedutivo, a concentração e a análise. No estudo musical serão introduzidas noções básicas, como a aprendizagem do ritmo, canções e o vocabulário musical”, explica a Câmara de Albufeira.

Quantos xadrezistas federados há em Portugal?

a) Menos de 500
b) Entre 501 e 1500
c) Entre 1501 e 3000
d) Entre 3001 e 4500
e) Mais de 4501

A FPX informa que no dia 14 de Setembro estavam federados 4114 atletas.

A lista pode ser consultada no site da FPX.

António Silva Campeão em ritmo rápido


António Silva, GX Porto
(foto de Juliana Chiu, via MCP)


Decorreu na Escola EB2/3 Pero Vaz de Caminha - Porto, no dia 21 de Setembro, o Campeonato Distrital do Porto de Xadrez Rápido de 2008, que contou com a inscrição de 88 jogadores. ANTÓNIO SILVA, do Grupo de Xadrez do Porto foi o vencedor, ficando ANTÓNIO CARAMEZ PEREIRA, do GD Dias Ferreira, vice-campeão, com os mesmos pontos, e ANDRÉ VIELA, do mesmo clube, na 3ª posição.


Fonte: AXP

Dias Ferreira bi-campeão de Rápidas



O GRUPO DESPORTIVO DIAS FERREIRA venceu o Campeonato Distrital de Xadrez Rápido por Equipas de 2008, que decorreu na Escola EB2/3 Pero Vaz de Caminha - Porto, no dia 21 de Setembro, com a participação de 16 equipas, revalidando assim o título que já lhe pertencia. Seguiu-se no 2º lugar o GRUPO DE XADREZ DO PORTO e no 3º a equipa B do clube campeão.


Fonte: AXP

Campeonatos Nacionais de Rápidas, em Gaia


Realizaram-se no dia 20 de Setembro nas instalações do Colégio de Gaia, os campeonatos nacionais de partidas rápidas, individual e o colectivo, numa organização conjunta da Academia de Xadrez de Gaia, Associação de Xadrez do Porto e a Federação Portuguesa de Xadrez. Participaram cerca de 120 atletas no conjunto das duas provas.
O campeão individual foi António Fernandes da Academia de Xadrez de Gaia e o campeão colectivo foi o Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra.


Fonte: FPX

O Grupo de Xadrez do Porto ficou em 6.º lugar na competição colectiva.

Feira de Coleccionismo

Por LusoMotores

Com mais de meia centena de expositores dos mais variados objectos ou veículos, a Feira do Coleccionismo e do Veículo Antigo fez-se sob a marca de José Megre e do Clube Aventura, num fim de semana que chamou à aldeia de Águas, em Penamacor, mais de 5000 visitantes vindos de Norte a Sul do País.

A Beira Baixa foi, assim, “invadida” por muitos amantes do coleccionismo que, durante dois dias, puderam apreciar, trocar ou comprar inúmeros objectos raros que fizeram as delicias de todos os que passaram pelo espaço daquela que foi a primeira edição desta iniciativa. (...)


Vista do Museu

Em jeito de curiosidade, e se pensarmos na realidade deste museu em em números, o mesmo apresenta cerca de 5000 peças, com mais de meio milhar de aviões, mais de uma centena de tabuleiros de xadrez, num total que peças que, por si só, conseguem representar mais de 70 países.

Aliás, e no que diz respeito ao xadrez e aos aviões, os tabuleiros de xadrez são uma das mais fabulosas colecções de José Megre que, curiosamente, confessa não saber jogar este famoso jogo para os mais pacientes e que imortalizou nomes como os de Karpov ou Kasparov.

sábado, 20 de setembro de 2008

Campeão da Europa de Xadrez no Memorial Pedro Parcerias


por Carlos Silva


Presença do holandês de origem russa e campeão europeu Sergei Tiviakov, no torneio de semi-rápidas de Vale de Cambra confirmada.

O grande-mestre holandês Sergei Tiviakov, actual campeão da Europa de xadrez, confirmou a presença no torneio de partidas semi-rápidas de Vale de Cambra "Memorial Pedro Parcerias", anunciou, esta sexta-feira, fonte da organização.

O torneio conta todos os anos com a participação dos melhores jogadores nacionais, assim como com um conjunto de xadrezistas oriundos de vários países, estando garantidas as participações na edição de 2008, que se realiza a 27 de Setembro, dos grandes-mestres Luís Galego e António Fernandes, este, campeão nacional absoluto, e do canadiano Kevin Spragget, residente em Portugal.

"A participação do campeão europeu é para nós uma satisfação muito grande, sendo mais um sinal do trabalho sério que estamos a desenvolver em prol da modalidade", disse à Agência Lusa José Nogueira, responsável da secção de xadrez da Associação Cultural e Recreativa de Vale de Cambra, entidade que organiza o torneio desde 1990.


C/Lusa

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Xadrez «no» japonês

Xadrez no japonês, que este post não é sobre o shogi, o primo japonês do nosso xadrez.


O ex-campeão do mundo Kasparov jogando shogi com o jornalista Ishiyama (Chessbase)


No restaurante japonês Gokobe, à Boavista, a decoração está ao nosso gosto:


Na parede do lado esquerdo, distribuidas pelas prateleiras, diversas peças de xadrez em vidro.


Ainda tentei fazer uma contratação sonante naquele espaço improvável, mas as peças são "apenas para decoração".

Assim, no Gokobe não há regalo para o tabuleiro, só para os olhos e, essencialmente, para a barriga.

Eis o que é dito na blogosfera sobre este restaurante (blogue de Diogo Trindade):


Ainda nem fiz a digestão do almoço, e aqui vai o post relativo a este Sushi Bar Japonês.
Porque amanhã entramos em férias, voltámos ao sushi como comemoração. E para tal resolvemos experimentar o Gokobe.
Já o conhecia de nome e de passar á porta algumas vezes, mas só hoje pude apreciar a sua gastronomia.
É um restaurante simpático, agradável, com um ar limpo e fresco e, tudo o que experimentei era de facto muito bom. Tanto o crú como o cozinhado.
Tem uma boa selecção de sushi tradicional, e um serviço de chapa muito agradável também.
Nota positiva: além da qualidade geral e da qualidade dos produtos, o preço merece bem uma nota positiva, com uma média de €15.00 por pessoa.


E o serviço é tipo buffet, ou seja, come-se o que se quiser, na quantidade que se desejar. Ao almoço por 11 ou 12 euros, ao jantar por 15 ou 16 (sem bebidas nem sobremesa).


Gokobe - Sushi Bar / Teppan-yakki
Rua de Grijó, 44 (à Renault Boavista, junto ao Ipanema)
4150-284 Porto * 222401410 / 226185072

terça-feira, 16 de setembro de 2008

"Portugueses em Acção" no Campeonato Europeu de Jovens

Via Ala de Rei


Por João Pinto, 16.09.08, 13:57, em SCN SportCanal

Apenas dois jogadores portugueses avançaram para a segunda ronda do Campeonato Europeu de Jovens em Xadrez que se realiza em Montenegro.

Ana Baptista e Rúben Pereira, ambos na categoria sub-18, encontravam-se entre os favoritos da comitiva nacional a avançar para a ronda seguinte, não apenas devido à sua qualidade, mas também devido às condicionantes dos emparelhamentos de jogadores na primeira ronda da competição. Funcionando numa base de "cabeças-de-série", um pouco como acontece nos torneios de ténis, os dois portugueses beneficiaram do seu ranking ao encontrarem adversários menos categorizados. Já o oposto aconteceu com os restantes jogadores portugueses, que encontrando adversários mais fortes, não conseguiram superar as dificuldades que lhes foram colocadas.

Luís Galego Campeão Nacional em Partidas Semi-Rápidas

Por António Viriato Ferreira em Viriatovich Chess (14/09/08)


Castelo de Montemor-o-Velho [Todas as fotos do post foram tiradas por Juliana Chiu]

A cidade de Montemor-o-Velho acolheu, sábado passado, dia 13 de Setembro, o XXI Campeonato Nacional de Semi-rápidas, prova aberta a todos os jogadores filiados esta época na Federação Portuguesa de Xadrez.

O GM Luis Galego, atleta do ACR Vale de Cambra, foi o vencedor da prova, sendo o MI Rui Dâmaso, do Barreirense FC, 2º classificado. Em 3º lugar ficou o GM António Fernandes, da Academia Xadrez de Gaia, com os mesmos pontos do 9º classificado. (..)


A MF Ariana Pintor, do Grupo de Xadrez do Porto, sagrou-se campeã nacional.



GM Luís Galego


MI Rui Dâmaso (à esquerda) e GM António Fernandes (à direita)


De acordo com a informação divulgada pela FPX, participaram 146 atletas e "a classificação final poderá ser consultada aqui. Mais informações poderão ser consultadas através deste endereço [Chess Results]".

Destaques ainda para:

- O 4.º e o 6.º lugares de Fábio Barbosa e André Viela, respectivamente, ambos com 7 pontos (o Fábio ganhou ao MI Rui Dâmaso na partida da foto);



- A vitória da Ariana Pintor (Campeã Nacional) e o empate do António Caramez frente ao MF António Vítor;



- Os empates do Jorge Viterbo Ferreira (1950) frente a Nuno Guerreiro (2164) e José Padeiro (2270), e a vitória sobre Carlos Carneiro (2269); e



- A vitória de Igor Pires (1701) sobre o MI Joaquim Durão.

Regra 12/2/b - "toque" de telemóvel


É expressamente proibido trazer telemóveis ou outros meios de comunicação electrónicos para a área de jogo, a não ser com autorização do árbitro. Se o telemóvel de um jogador tocar na área de jogo, durante a partida, o jogador deverá perder o jogo. A pontuação do adversário deverá ser determinada pelo árbitro.


GM Nigel Short vs Telemóvel: 0-1
Por Manuel Weeks em Chess Vibes (11/09/08)

O Campeonato da União Europeia está na terceira jornada e a maior estória até ao momento é a derrota do GM Nigel Short com Ketevan Arakhamia-Grant, devido a um som emitido pelo seu telemóvel durante a partida.

(...)

Perder devido a um som emitido pelo telemóvel é provavelmente a forma menos feliz de ser derrotado numa partida de xadrez. O cenário só pode piorar se até retirámos o aparelho do bolso e o colocámos na mesa convencidos que o desligámos... e ele emite um som claro e audível horas depois.

Ketevan, a adversária do GM Short, foi apanhada de surpresa e só conseguiu dizer, descrente, "Mas eu vi-te desligá-lo!!" Nigel Short aceitou a derrota e a esta hora deve estar a pensar trocar de aparelho.


A partida entre Nigel Short e Ketevan Arakhamia-Grant...


... e um pormenor da mesma foto (Liverpool Chess International, 2008)


Diz John Saunders, editor da British Chess Magazine e membro da organização da prova:

A imagem ampliada mostra claramente o telemóvel do Nigel ao lado dele, pousado num livro sobre Fidel Castro. Ele desligou o telemóvel no início da sessão, à frente do adversário. O telemóvel emitiu o familiar toque da Nokia precisamente às 16h29 (eu fui testemunha). O Nigel diz que se tratou de um aviso de "bateria fraca" que, de algum modo, se produziu apesar de o telefone estar desligado. Aviso a todos os xadrezistas: se tens um telemóvel recente, talvez seja melhor tirar a bateria antes de começar a partida.

Regulamento de Competições FPX - 2008/2009



No blogue da Academia de Xadrez da Benedita está disponível uma ligação para o Regulamento de Competições da FPX que entrará em vigor no dia 1 de Outubro, também disponível no site da Federação.

segunda-feira, 15 de setembro de 2008

MN Vasco Diogo é o novo Campeão Distrital de Faro (ritmo rápido)

Por Paulo Xavier (AXAL)

A AXAL - Academia de Xadrez do Algarve - em parceria com a AXDF - Associação de Xadrez do Distrito de Faro - e com o apoio do INATEL, organizou o Campeonato Distrital Individual de Xadrez em Ritmo Rápido 2007-2008, no último Domingo, 14/09/2008, no Atriumfaro.

Os melhores jogadores do Algarve juntaram-se na tarde desse dia na baixa de Faro, com o objectivo comum de se tornarem Campeões Distritais de Rápidas da época desportiva de 2007-2008.


MN Vasco Diogo, co-responsável pela Revista Portuguesa de Xadrez


Levando a melhor sobre todos os seus adversários o Mestre Nacional Vasco Diogo (NX Faro / Rentauto) ganhou isolado o tão desejado galardão.

A Classificação Final ficou ordenada da seguinte forma:

1º Vasco Diogo
2º Luís Botelho
3º Tiago Candeias
4º José Paulino
5º Jorge Gomes
6º Humberto Rodrigues
7º Cristiano Dionísio
8º André Dionísio
9º José Marco Dionísio
10º André Simões
11º José Óscar Guerreiro
12º Manuel Machado
13º Flávio Martins
14º Iuri Feliciano

Colectivamente: vitória do SF Benfica, seguido pelo NX Faro / Rentauto, Leões de Tavira e CPND Albufeira.

A Organização e os Jogadores agradecem todo o apoio recebido para a realização desta prova oficial, a qual antecede o Campeonato Nacional de Xadrez em ritmo rápido (individual e equipas) no próximo fim-de-semana 20 e 21 de Setembro de 2008, sob a égide da FPX - Federação Portuguesa de Xadrez.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Inscrição nas Olímpiadas - prazo prorrogado em alguns casos



Declaração conjunta da FIDE e dos organizadores de Dresden
Hoje, às 9h30, no site da FIDE

A delegation from FIDE, composed of FIDE Honorary Vice-President Israel Gelfer and Executive Director David Jarrett, visited Dresden today to discuss several issues regarding the preparation of the Chess Olympiad 2008 in Dresden, amongst them the issue of the late registration from several Federations.

(...)

The Federations concerned will be informed by FIDE and the Organizing Committee about the actions to be taken to register participation. The very final deadline for these Federations is next Friday, 19 September 2008, 11 pm. This must be done by online registration on the website www.dresden2008.org.

It was agreed that those Federations which had not yet contacted the Organizers in any way will not be accepted.

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Selecção Olímpica Feminina - II

António Bravo, Presidente da FPX, divulga no site da Federação a seguinte nota sobre as

Olímpiadas de xadrez - Dresden 2008


De acordo com o regulamento, descrito no boletim nº1, publicado na página oficial das Olimpíadas, as inscrições terminavam a 12 de Julho.
Assim ficou decidido que só se consideravam competições até ao 31 de Maio (prazo estabelecido para a contabilização de provas para a lista de elo FIDE de Julho), para efeitos dos critérios das selecções olímpicas. Foi considerada uma excepção para os torneios de Mestres e de Honra, que estando inicialmente calendarizados para Maio e tendo sido adiados por questões organizativas, não deveriam penalizar os jogadores pelo facto da prova não se ter realizado na data prevista, uma vez que seria a última oportunidade para alguns jogadores conseguirem a sua selecção. De facto, verificou-se que não trouxe qualquer alteração pois os seleccionados satisfizeram todos os critérios mesmo sem os referidos torneios.
Com base nestas decisões foram aplicados os critérios e seleccionados os jogadores para as selecções olímpicas, que poderão consultar no campo “resultado” no ficheiro de performances de Julho de 2008. Foi igualmente decidido nomear o mestre internacional Joaquim Durão para capitão da selecção masculina e Armanda Plácido para capitã da selecção feminina. No final de Agosto, na página oficial das Olimpíadas, foi publicado o boletim nº 2, onde se informava que ainda aceitariam inscrições fora do prazo previamente estabelecido, até 12 de Setembro. Assim só se procederá à substituição de algum jogador que tenha algum motivo que o impeça de participar e será substituído de acordo com os resultados constantes no ficheiro de performances de Julho de 2008.


Em apenso, é publicado o ficheiro com os Critérios de convocação para a Selecção, além de se explicar que a perda de dados na página - a tal lipoaspiração - se deu por anomalia informática.



1 - É louvável que a FPX informe os interessados do que se está a passar.


2 - Não é inteiramente correcto que "De acordo com o regulamento, descrito no boletim nº1, publicado na página oficial das Olimpíadas, as inscrições terminavam a 12 de Julho". Só o registo online - que garantia alojamento gratuito - terminava nessa data.

Diz o Boletim n.º 1, ponto 5, p. 3: "Important note:
In any case of late registrations the Organizers do not guarantee the accommodation of the respective participants. In these cases Hotel expenses will be charged to the Federation.
"

Diz o Boletim n.º 2, ponto 2, p. 3:"Registration
For all federations the Online Registration was closed 12 July 2008 as was announced in Bulletin 1. Late registrations are still accepted until 12 September 2008.
Please be aware that in cases of late registrations hotel expenses will be charged to the respective Federation. If you wish to register your teams you are kindly asked to directly contact as soon as possible the responsible Manager Operations Mr Olaf Modrozynski at olaf.modrozynski@dresden2008.org, Phone +49 351 488-1638, Fax +49 351 488-1653.
"

Nenhuma diferença, pois, no ponto, entre os Boletins 1 e 2.


3 - Quanto à aplicação dos critérios, infelizmente, nem uma linha no site federativo. Ninguém sabe como foram aplicados. Não há nenhuma fundamentação.

Continuo, assim, convicto que a Bianca Jeremias reúne - e já reunia à data - todos os requisitos necessários para ser convocada. E que a Maria Plácido continua a não os reunir.

Nada do que é dito na comunicação - nomeadamente "ficou decidido que só se consideravam competições até ao 31 de Maio (prazo estabelecido para a contabilização de provas para a lista de elo FIDE de Julho), para efeitos dos critérios das selecções olímpicas" - refuta a posição aqui exposta em post anterior. É que essa decisão só podia ter como objecto a parte dos critérios que se referiam ao n.º de partidas realizados e ao cálculo das performances. Quanto aos Campeonatos Nacionais, o regulamento «que reproduz os critérios já estabelecidos desde 2005 pelas anteriores direcções» - cfr. primeiro parágrafo - é expresso: são relevantes "o da época em curso e o anterior" (n.º 2, alínea c), ponto I, parte final) [à participação na selecção feminina - que terá lugar na época 2008/2009].


4. Se quanto à substituição da Capitã, nada é dito, quanto à substituição das jogadoras o Presidente da FPX admite essa possibilidade, no caso de um "impedimento".

E de um erro na aplicação dos critérios?

No mínimo deveria ter sido divulgado a resposta dada a Bianca Jeremias que entregou, em mão, uma exposição em que questionava a validade da convocatória.

Neste momento, uma vez que a jogadora não tinha recebido qualquer resposta até ao início desta semana, tenho para mim que a Direcção da FPX, ou o seu Presidente, não tomaram aquela iniciativa da jogadora como uma reclamação/protesto, pelo que se abstiveram de tomar posição sobre ela. Espero estar enganado.

Na Ala de Rei já se tomou posição sobre a comunicação da FPX e equaciona-se a exposição junto de autoridades superiores e da opinião pública.

11 de Setembro... mas outro!

Só esta linha para Bin Laden ou Pinochet...

Podia ser sobre as mortes de Allende ou Antero Quental...

Mas o objectivo do post é outro:



Parabéns, Sara!

Rápidas - Distrital de Faro





O Campeonato Distrital de Rápidas, em xadrez, em formato individual e por equipas, vai decorrer no próximo domingo, 14, no centro comercial Atrium Faro, na baixa da capital algarvia. [Rua de Santo António, a partir das 10h30]

Organizada pela Academia de Xadrez do Algarve (AXAL), em parceria com a Associação de Xadrez do Distrito de Faro (AXDF) [e com o apoio do INATEL] (...)

Para mais informações ou proceder às inscrições, estão disponíveis os contactos 931626014, 934567405 e 917860152 ou o endereço electrónico acxalg@gmail.com.


Notícia aqui.

Al Shatrandj - Loja de Xadrez em Portugal



Armação de Pêra, Portugal

Como já ontem informava a Casa do Xadrez, "passados 5 anos, o Nicholas Lanier resolveu reabrir a sua loja online de material de xadrez. É um acto louvável que alguém resolva investir numa área tão problemática e numa altura de forte crise.
Segundo o proprietário a loja nunca fechou de vez, mas antes esteve em estado de hibernação.
A idade já não permitiria fazer centenas ou milhares de Kms, de torneio em torneio, montando bancas, pelo que a opção foi a de manter apenas a loja na Internet
".

Alguns dos meus livros mais antigos foram adquiridos naquelas bancas, verdadeiras livrarias especializadas, que o Nicholas Lanier montava nos principais torneios do calendário, dos Nacionais de Jovens às Semi-Rápidas de Vale de Cambra. Além dos livros de xadrez, havia outros - foi ao Lanier que comprei o meu primeiro livro de go, salvo erro - e material para todos os gostos.


Diz o próprio:

Caros amigos,

Boas notícias!

A principal fonte de material de xadrez em Portugal está de volta, desta vez com um novo web em

www.al-shatrandj.com

que vos convido a visitar e explorar. Penso que assim serão colmatadas duas lacunas de uma só vez:

- a falta de disponiblidade do mais variado material de xadrez para clubes, escolas e xadrezistas; e

- a falta de visiblidade de uma loja de xadrez que nunca fechou mas esteve "em hibernaçâo" alguns anitos.


Cumprimentos cordiais e boas jogadas sempre e em tudo.

Nicholas Lanier



Devido, provavelmente, ao tamanho exíguo do mercado em Portugal, o site aposta na língua inglesa embora a oferta bibliográfica seja maioritariamente espanhola. O produto disponível está dividido nas seguintes categorias:

Peças de Competição - Peça em madeira, estilo Staunton, com ou sem chumbo, fornecidas em caixa de madeira, com o tamanho oficial da FIDE (altura do Rei: 87mm / 93mm)


Modelo Cavalo Ibérico

Foi com umas peças deste modelo que o meu pai me ensinou a jogar xadrez. Ainda as temos, muito gastas e com uma torre a menos.



Peças mais pequenas - Rei entre os 55 e os 77 mm.



Tabuleiros - "Proporção peças/tabuleiro: 4 peões devem caber numa casa".



Conjuntos Escolares - Peças em plástico, Tabuleiros em vinil



Relógios - Escolares, Analógicos e Digitais



E ainda, conjuntos magnéticos em madeira, peças e tabuleiros XL, conjuntos gigantes para o exterior, conjuntos de parede, conjuntos decorativos, conjuntos de bolso em madeira, lista de livros disponíveis (vários níveis, diferentes temas, alguns em português a maioria em espanhol).

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Selecção Olímpica Feminina

I. A primeira parte deste post (pontos 1 a 3) é uma versão reduzida de um texto já publicado na LusoXadrez, em 17 de Julho, aqui adaptada em virtude de a FPX ter retirado recentemente os documentos relevantes do seu site, e com aditamentos (parte final do n.º 1) nas referências efectuadas aos escritos do GM Kevin Spraggett e de Francisco Vieira.


II. A segunda parte (ponto 4 e seguintes) é inédita, embora tenha sido cedida à Bianca Jeremias que, no último dia do Nacional Feminino (20 de Julho), entregou em mão ao Senhor Presidente da FPX uma versão provisória que assumiu como sua.

Por a jogadora não ter obtido qualquer resposta da FPX, deixo aqui a minha opinião sobre a questão da convocatória para a Selecção Olímpica Portuguesa, em jeito de resposta/contributo à Carta Aberta escrita por Francisco Vieira.


III. O texto está assim dividido:
1. – Anúncio da convocatória para a Selecção Olímpica Feminina
A) – “O papel do Capitão de equipa” – por GM Kevin Spraggett
B) – “Carta Aberta a Maria Armanda Plácido” – por Francisco Vieira
2. – Critérios predefinidos a que deve obedecer a convocatória
3. - Convocatória para a Selecção Olímpica Portuguesa – Dresden 2008.
4. – Análise da convocatória
A) – “Participação” no Campeonato Nacional
B) – Campeonato Nacional relevante
5. Súmula


1. ANÚNCIO DA CONVOCATÓRIA PARA A SELECÇÃO OLÍMPICA FEMININA

Em 12 de Julho de 2008, a FPX divulgou a convocatória para a selecção feminina que disputará as Olimpíadas, entre 12 e 25 de Novembro, em Dresden.
A FPX laborou atempadamente, pois que apesar de ter anunciado a convocatória naquela data, só no dia 12 de Setembro, sexta-feira, é que termina o prazo para a apresentação das equipas – cfr. a pergunta feita a Ivanchuk, a 3.ª de uma entrevista publicada no site da organização.

Aquela comunicação da convocatória, assinada pelo Presidente da Direcção, dizia assim, na parte interessante:

Foram nomeados para capitão de equipa da selecção absoluta, Joaquim Durão e para capitã de equipa da selecção feminina, Armanda Plácido. Da aplicação dos critérios estabelecidos resultou a constituição das selecções abaixo descrita. Relativamente à quinta jogadora da selecção feminina, a primeira jogadora a cumprir todos os critérios para esse lugar foi Armanda Plácido que já havia sido nomeada capitã de equipa, acumulando assim as funções.

O ficheiro olimpiadadresden-12jul2008.pdf deixou de estar online aquando da recente “lipoaspiração” do site, nele se podendo constatar que a diferença da 4.ª para a 5.ª jogadora (e capitã de equipa) era de cerca de 250 pontos, um salto não despiciendo (450 para a 1.ª).


A) "O PAPEL DO CAPITÃO DE EQUIPA"

Ora, um primeiro ponto que me parece relevante, é o da FPX convocar, sem reservas, como jogadora, alguém “que já havia sido nomeada capitã de equipa, acumulando assim as [duas] funções”.

“Até ao Campeonato Europeu por Equipas que se disputou em Leão [2001], o papel do capitão de equipa foi bastante mal compreendido pela FPX. Tanto quanto me posso recordar, o papel do capitão era, até essa altura, pouco mais do que um papel político que não trazia qualquer benefício directo aos jogadores, e era apenas mais um exemplo do que faltava à Selecção Portuguesa quando comparada com as restantes!

Para evitar mal entendidos, é importante distinguir o Capitão do Chefe de Delegação. A chefia da delegação é uma posição política, a qual poderia ser muito bem preenchida, por exemplo, pelo Presidente da FPX, já que ele é, sempre e de qualquer modo, o principal responsável pela delegação portuguesa. Já o Capitão, por outro lado, tem apenas a seu cargo a performance desportiva da equipa e pode ser considerado parte integrante desta. Os objectivos da equipa são da sua responsabilidade.

A escolha do capitão pode ter uma importância decisiva na motivação dos atletas para jogarem ao seu melhor nível, coexistirem pacificamente e funcionarem como uma equipa (a coesão colectiva é uma matéria muito investigada na moderna psicologia do desporto). Em teoria, duas equipas de força igual alcançam resultados diferentes dependendo das capacidades do seu capitão. A prática confirma-o.

O Capitão deve:

- respeitar e ser respeitado por todos os elementos da equipa;
- ser capaz de unir a equipa e providenciar um ambiente satisfatório para todos os elementos (de maneira a que queiram tomar as refeições juntos e descansar em conjunto depois dos jogos);
- ser capaz de tomar decisões justas e imparciais e coordenar esforços;
- ser capaz de antecipar eventuais conflitos, resolver problemas (de preferência por consenso) e atenuar as diferenças entre os membros da equipa, se elas surgirem;
- ser capaz de retirar o melhor que cada elemento da equipa pode dar ao grupo;
- estar disponível e ser capaz de ajudar os atletas a preparar as suas partidas.

Tenho experiência quer como capitão-jogador quer como capitão em exclusividade, e com o passar dos anos tenho constatado que é melhor para uma equipa ter um capitão em regime de exclusividade (…).”



Este texto não é, obviamente, meu. Trata-se de um excerto de uma reflexão do GM Kevin Spraggett sobre a participação da selecção nacional no Campeonato Europeu por Equipas de Leão, disputado em 2001, em que desempenhou funções de capitão em regime de exclusividade, intitulado “Some thoughts about the players”. O documento está disponível no seu site pessoal, foi endereçado à FPX em Dezembro de 2001 e, aparentemente, está lá perdido numa gaveta qualquer… (ou então foi deliberadamente desconsiderado)


B) A CARTA ABERTA

Sem mais considerações, tendo em conta o que um jogador da experiência e classe do GM Spraggett defendeu, limito-me a reproduzir alguns excertos da Carta Aberta a Maria Armanda Plácido, de Francisco Vieira:

- “No passado dia 9/8, durante a 1ª sessão da fase preliminar do Camp. Nacional Indiv. Absoluto, na Amadora, a Sra. Maria Armanda entendeu não cumprimentar a Ana Baptista, a recente campeã nacional feminina. A própria Ana ficou estupefacta com tal atitude, desconhecendo o que teria passado pela cabeça da Sra. Maria, para não lhe dirigir a palavra. Já não bastava não a ter felicitado pelo seu feito desportivo, agora ignora-a”;

- “Como vai a capitã da selecção nacional olímpica feminina dialogar na Alemanha com uma jogadora – e logo a campeã nacional feminina e actual jogadora nº 1 do ranking nacional, a confirmar na próxima Lista Elo FIDE de Outubro2008 – quando em Portugal não lhe dirige a palavra?”;

- “Nas circunstâncias actuais, descritas neste documento, considero um insulto ao xadrez português a integração da Sra. Maria Armanda Plácido, na selecção nacional olímpica feminina como jogadora – embora isso tenha a ver com a aplicação de regulamentos que permitem seleccionados de duvidosa valia técnica e desportiva representarem o país – e como capitã.”;

- “Isto é [sobre o abaixo-assinado subscrito pelas participantes no Nacional Feminino], as jogadoras de xadrez que conhecem bem a sua força de jogo sobre o tabuleiro, comentaram entre si e puseram em causa a sua capacidade e competência de jogadora de xadrez que também é capitã da equipa de representar o nosso país, na selecção olímpica, mas a Vice-presidente da Direcção da FP Xadrez não consegue compreender o que se está a passar e vislumbrar o seu alcance.”;

- “Até aqui discutiam-se créditos desportivos da jogadora Maria Armanda Plácido para assumir o 5º tabuleiro. A partir do post da Sofia Lança e do comportamento da senhora com a Ana Baptista, discute-se, e já publicamente, a capacidade de liderança, de seriedade e rigor da sua putativa imparcialidade.”.

A Carta termina pedindo à destinatária que “coloque os seus lugares de jogadora e de capitã da selecção nacional olímpica feminina à disposição da Direcção da FP Xadrez para que esta possa com lucidez, competência e rigor técnico e desportivo, que se exigem, evitando desta forma, manipulações grosseiras de critérios, como foi o caso presente, escolher outra pessoa (…)”.

Percebe-se porquê.


2. CRITÉRIOS PREDEFINIDOS A QUE DEVE OBEDECER A CONVOCATÓRIA

Mas a questão, a meu ver, coloca-se também a montante, na própria convocação, pela FPX, da xadrezista Maria Armando Plácido para ocupar o 5.º lugar da Selecção Olímpica Feminina.

Esta Selecção resultou "da aplicação dos critérios estabelecidos" que podiam ser consultados no site da FPX – desde a lipoaspiração do site o ficheiro “criterios_seleccoes_nacionais_dresden2008.pdf” não se encontra mais disponível, pelo menos imediatamente.

Estes critérios determinam que, além da Campeã Nacional, "têm direito a integrar a selecção feminina as restantes jogadoras de acordo com a metodologia estabelecida para o efeito para a Selecção Absoluta", com uma correcção - ponto 2, alínea b), dos ditos Critérios.

Mas não basta ser graduada numa das vagas disponíveis, de acordo com aquela metodologia, para uma jogadora poder ser convocada. Com efeito - al. c) do mesmo ponto 2 - "para poder participar na selecção nacional feminina, as jogadoras deverão ainda:

i. ter participado em pelo menos uma das duas edições anteriores do Campeonato Nacional Absoluto, ou em alternativa no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior

ii. ter um mínimo de 30 partidas contabilizadas para ELO FIDE no total das 6 listas de ELO referidas em 1b) do ponto 1 deste artigo

iii. Não estar suspensa, nem ter sido objecto de sanção disciplinar determinada pela FPX na sequência de anterior representação nacional, se tiver ocorrido numa das 3 épocas anteriores ou na época em curso.“


3. CONVOCATÓRIA PARA A SELECÇÃO OLÍMPICA PORTUGUESA - DRESDEN 2008

Na mesma notícia em que foram divulgados aqueles Critérios, a FPX publicou "a classificação [das jogadoras] tendo por base [as performances mais recentes - publicadas no mesmo post] e os [preditos] critérios das selecções nacionais".

A lista final é a seguinte, na parte interessante:

Classificação Feminina
1. LEITE, CATARINA (..) 2199
2. PINTOR, ARIANA (...) 2132
3. BAPTISTA, ANA (...) 2119
4. COIMBRA, MARGARIDA (...) 2107
5. JEREMIAS, BIANCA (...) 2001
(…)
9. PLÁCIDO, MARIA ARMANDA (...) 1708
(...)



Assim, foi convocada a 9.ª jogadora graduada, apesar da performance inferior, por se entender que a 5.ª ordenada não “participou em pelo menos uma das duas edições anteriores do Campeonato Nacional Absoluto, ou em alternativa no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior”.


4. ANÁLISE DA CONVOCATÓRIA

Parece-me que a situação deve ser analisada do seguinte prisma:

1) Os critérios da FPX visam a determinação das jogadoras mais fortes através da aplicação de uma metodologia que revela a performance de cada uma das seleccionáveis;

2) Tal performance não é suficiente. Para ser considerada, é necessário que passe o crivo da “competitividade”: resumidamente, exige-se que as jogadoras tenham jogado mais de x partidas em y tempo e que tenham defrontado as outras seleccionáveis numa competição - um dos 2 últimos campeonatos nacionais femininos.

Isto é, as jogadoras seleccionadas seriam as com melhor performance, desde que jogassem muitas partidas e se batessem com as outras “seleccionáveis”. Os regulamentos (o dos critérios e o da representação nacional) exigem a “participação” das jogadoras em pelo menos uma das duas edições anteriores do Campeonato Nacional (…), na época em curso ou na anterior.


A) "PARTICIPAÇÃO" NO CAMPEONATO NACIONAL

O cerne da questão está nos timings e no que quer dizer “participar” – já LNunes, há tempos, chamava a atenção para isto, na LusoXadrez - “Para já, "participar" não se sabe bem o que é, se é inscrever, se é não poder dar faltas de comparência, se é fazer metade dos jogos...

Parece-me indiscutível que a aplicação dos critérios de selecção – um regulamento adoptado por uma Federação Desportiva dotada de Utilidade Pública, como, aliás, o Regulamento da Representação Nacional – é matéria jurídica. E, assim sendo, no seguimento do pensamento do Professor Castanheira Neves, o preenchimento do conceito há-de ser encontrado através da interpretação jurídica do dito regulamento. (Também o Professor Freitas do Amaral, em recentíssimo parecer relativo à confusão gerada no Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, igualmente dotada de Utilidade Pública Desportiva, para preencher o conceito “tumultuosamente” [“São, designadamente, actos nulos As deliberações de órgãos colegiais que forem tomadas tumultuosamente ou com inobservância do quórum ou da maioria legalmente exigidos” – artigo 133.º, n.º 2, al. g), do CPA] não abdica do método interpretativo, apesar de se socorrer, inicialmente, da etmologia e dos dicionários – cfr. “A crise no Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol”, Almedina, 2008).

Abreviando razões, que o post já vai longo, uma vez que, nos preditos termos, a convocatória não depende da classificação no campeonato nacional mas, antes, da tal performance calculada de acordo com uma metodologia própria (havendo outros requisitos cumulativos importantes), creio que o conceito “participar” significa, naqueles Critérios, jogar com outras seleccionáveis. Tão só isso.

E, assim sendo, para este caso da convocação da selecção feminina, a inscrição de uma atleta na prova preenche aquele conceito de “participação”, atento o calendário complicado em que a Federação teve que se mover. (toda a gente sabe como é complicado organizar o calendário de uma época desportiva)

É que, antes de terminar o prazo para a pré-inscrição da constituição das equipas junto da FIDE – o que aconteceu, parece-me, no dia 12 de Julho – cfr. a notícia da chessbase de 22 de Maio –, a FPX já sabia que a Bianca Jeremias, 5.ª ordenada da lista de seleccionáveis, ia participar no Nacional.

Com efeito, no regulamento desta última prova, datado de 16 de Junho (depois, portanto de se saber que a deadline para apresentação da equipa era 12 de Julho), determina-se que a inscrição no Campeonato Nacional Feminino deveria ser efectuada até 10 de Julho – cfr. art. 9.º do Regulamento do Campeonato Nacional Feminino 2007-08 (antes disponível em
http://fpx.weebly.com/uploads/1/3/7/1/137131/reg_cnfeminino2007-08.pdf).

Ou seja, os serviços sabiam que a Bianca ia participar no Campeonato Nacional que se iniciaria no dia 14 antes de terminar o prazo para comunicação da composição da equipa.

E, atentos critérios de selecção – repete-se: performance calculada de acordo com uma metodologia própria para ver a força de jogo das xadrezistas, n.º de partidas jogadas para saber se estão em forma e participação no nacional para se bater com outras seleccionáveis – a inscrição na prova deveria preencher o conceito de “participar”, para este efeito de convocação, dada a razão de ser de cada um dos critérios de selecção: a participação no Nacional serve apenas para ver as seleccionáveis em acção – o que também é garantido pelo n.º mínimo de partidas -, sendo que é a performance que ordena as seleccionáveis, não o campeonato.

Poderia objectar-se com o facto de, apesar de se inscrever, não haver garantias de que a Bianca iria efectivamente jogar algum jogo no Nacional (logo não se bateria com as outras seleccionáveis), o que não lhe dava direito a estar na Olimpíada mas sem haver tempo útil para desfazer o erro.
Neste cenário hipotético, a situação seria resolvida com um procedimento disciplinar: a jogadora tinha-se inscrito mas não concluíra a prova, pelo que teria que arcar com as consequências do seu acto que, no mínimo, seria a sua exclusão da selecção nacional. Recorde-se que as equipas podem alterar a sua constituição até sexta-feira, dia 12 de Setembro! Havia (há!?) tempo útil para tudo, pois!


B) CAMPEONATO NACIONAL RELEVANTE

Também se encontra algum respaldo literal para esta conclusão.

Dizem os critérios federativos que “para participar na selecção nacional feminina, as jogadoras” devem “ter participado ou participar em pelo menos uma das duas edições anteriores do Campeonato Nacional Absoluto, ou em alternativa no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior”.

Isto é, as jogadoras devem ter participado ou participar, em alternativa ao Campeonato Nacional Absoluto, no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior. Que época desportiva? A época em curso ou a anterior à participação na selecção nacional feminina.

Sendo que essa participação terá lugar em 2008/2009, época em que ainda não terá sido disputado nenhum daqueles Campeonatos Nacionais e, consequentemente, o único relevante será o da época 2007/2008… no qual a actual 5.ª jogadora seleccionada, Maria Plácido, não participou, ao contrário da preterida Bianca Jeremias.


Termos em que parece haver suporte regulamentar para que a Bianca fosse convocada.

Sendo que, recorde-se uma vez mais, tal situação pode ser corrigida pela FPX até sexta-feira (sendo que já está na posse da maior parte destes elementos desde Julho e não é conhecida qualquer decisão).


5. SÚMULA

- A conduta da Capitã da Selecção Olímpica Feminina, tal como descrita por Francisco Vieira, está em frontal desacordo com o papel reservado àquele cargo, tal como preconizado pelo GM Kevin Spraggett.

- Para efeitos de aplicação dos Critérios de Selecção para a Olimpíada de Dresden e consequente convocação, o conceito “participação” é preenchido pela mera inscrição no Campeonato Nacional Feminino, uma vez que, atentos os vários critérios cumulativos de selecção – performance calculada de acordo com uma metodologia própria para ver a força de jogo das xadrezistas; n.º de partidas jogadas para saber se estão em forma e participação no nacional para se bater com outras seleccionáveis; participação num recente Campeonato Nacional – este último serve apenas para ver as seleccionáveis em acção – o que também é garantido pelo n.º mínimo de partidas -, sendo que é a performance que ordena as seleccionáveis, não a classificação final do campeonato. Ou seja, com a inscrição a jogadora garante a participação na prova, para efeitos de convocação e sob pena de procedimento disciplinar.

- Por outro lado, dizem os critérios federativos que “para participar na selecção nacional feminina, as jogadoras” devem “ter participado ou participar em pelo menos uma das duas edições anteriores do Campeonato Nacional Absoluto, ou em alternativa no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior”.
Isto é, as jogadoras devem ter participado ou participar, em alternativa ao Campeonato Nacional Absoluto, no Campeonato Nacional Feminino, na época em curso ou anterior. Que época desportiva? A época em curso ou a anterior à participação na selecção nacional feminina.
Sendo que essa participação terá lugar em 2008/2009, época em que ainda não terá sido disputado nenhum daqueles Campeonatos Nacionais e, consequentemente, o único relevante será o da época anterior (2007/2008)… no qual a actual 5.ª jogadora seleccionada, Maria Plácido, não participou, ao contrário da preterida Bianca Jeremias.

- A convocatória pode ser corrigida pela FPX até sexta-feira, 12 de Setembro (sendo que já está na posse da maior parte destes elementos desde Julho e não é conhecida qualquer decisão).

- Creio, pois, que a Bianca Jeremias, atentos os ditos critérios federativos, deveria preencher – por mérito próprio - a última vaga da selecção. E que a Direcção da FPX, apontadas as contradições entre os textos do GM Kevin Spraggett e do Francisco Vieira, deve nomear nova capitã.

Xadrez geopolítico: antecedentes de uma mini-guerra no Cáucaso

Por Immanuel Wallerstein
Tradução de Luis Leiria, publicado no Esquerda




O mundo foi testemunha em Agosto de uma mini-guerra no Cáucaso, e a retórica foi apaixonada, mas em grande parte irrelevante. A geopolítica é uma gigantesca série de jogos de xadrez, no qual os dois jogadores procuram obter vantagem de posição. Neste jogos, é crucial saber as regras que regem os movimentos. Os cavalos não podem andar na diagonal.

De 1945 a 1989, o principal jogo de xadrez era travado entre os Estados Unidos e a União Soviética. Chamava-se Guerra Fria, e as regras básicas eram metaforicamente chamadas de "Yalta". A regra mais importante referia-se à linha que dividia a Europa em duas zonas de influência. Winston Churchill chamava-a de "Cortina de Ferro", e ia de Stettin a Trieste. A regra estabelecia que, fosse qual fosse o tumulto instigado na Europa pelos peões, não haveria guerra entre os Estados Unidos e a União Soviética. E no final de cada instância de tumulto, as peças deviam voltar aonde estavam no início. Esta regra era observada meticulosamente até ao colapso dos comunismos em 1989, que foi marcado pela destruição do Muro de Berlim.

É verdade, como toda a gente observou na época, que as regras de Yalta foram revogadas em 1989, e que o jogo entre os Estados Unidos e (a partir de 1991) a Rússia mudou radicalmente. O principal problema desde então é que os Estados Unidos não compreenderam as novas regras do jogo. Autoproclamou-se, e foi proclamado por muitos outros, como a única superpotência. Em termos de regras de xadrez, a interpretação era que os Estados Unidos podiam mover-se por todo o tabuleiro como quisessem, e em particular transferir os ex-peões soviéticos para a sua esfera de influência. Sob Clinton, e de forma mais espectacular sob George W. Bush, os Estados Unidos passaram a jogar desta forma.


Só havia um problema: os Estados Unidos não eram a única superpotência; já nem havia sequer superpotências. O fim da Guerra Fria significava que os Estados Unidos tinham sido rebaixados de uma das duas superpotências para serem um estado forte numa distribuição verdadeiramente multilateral do poder real no sistema inter-estados. Muitos países grandes podiam agora jogar o seu próprio jogo de xadrez sem esclarecerem os seus movimentos a uma das duas anteriores superpotências. E começaram a fazê-lo.

Duas importantes decisões geopolíticas foram tomadas nos anos Clinton. Primeiro, os Estados Unidos pressionaram fortemente, e com mais ou menos sucesso, pela incorporação dos anteriores satélites soviéticos à NATO. Estes próprios países estavam ansiosos por entrar, apesar de os países-chave da Europa ocidental - a Alemanha e a França - estarem de certa forma relutantes de seguir este caminho. Viram a manobra dos EUA como estando em parte dirigida contra eles, procurando limitar a sua recém-adquirida liberdade de acção geopolítica.

A segunda decisão importante dos Estados Unidos foi tornar-se um agente activo nos realinhamentos de fronteiras no interior da ex-República Federal da Jugoslávia. Isto culminou numa decisão de apoiar, e impô-la com as suas tropas, a secessão de facto do Kosovo da Sérvia.

A Rússia, mesmo sob Yeltsin, ficou muito descontente com estas acções dos EUA. Contudo, a desordem política e económica da Rússia durante os anos de Yeltsin era tal, que o máximo que ele podia fazer era queixar-se, e de forma muito fraca, acrescente-se.

A chegada ao poder de George W. Bush e de Vladimir Putin foi mais ou menos simultânea. Bush decidiu impor a táctica da superpotência solitária (os Estados Unidos podem mover as suas peças da forma que só a eles cabe decidir) muito mais longe do que fizera Clinton. Primeiro, Bush em 2001 abandonou o Tratado Anti-Mísseis Balísticos firmado em 1972 entre a União Soviética e os Estados Unidos. Depois, anunciou que os Estados Unidos não ratificariam dois novos tratados assinados nos anos Clinton: o Tratado Abrangente de Proibição de Testes Nucleares (Comprehensive Test-Ban Treaty) de 1996, e as modificações acordadas no tratado de desarmamento nuclear SALTII. Em seguida, Bush anunciou que os Estados Unidos iam avançar com o seu sistema Nacional de Defesa de Mísseis.

E, é claro, Bush invadiu o Iraque em 2003. Como parte deste envolvimento, os Estados Unidos pediram e obtiveram direitos de instalar bases militares e de sobrevoar as repúblicas da Ásia Central, que antes eram parte da União Soviética. Além disso, os Estados Unidos promoveram a construção de oleodutos para o petróleo e o gás natural da Ásia Central e do Cáucaso que contornariam a Rússia. E, finalmente, os Estados Unidos entraram em acordo com a Polónia e a República Checa para instalar mísseis defensivos, alegadamente para se defenderem de mísseis iranianos. A Rússia, porém, olhou-os como sendo dirigidos contra ela.

Putin decidiu resistir de forma muito mais efectiva que Yeltsin. Como jogador prudente, contudo, o seu primeiro movimento foi reforçar a própria casa - restaurando a autoridade central e revigorando o Exército russo. Neste ponto, a maré da economia-mundo mudou, e a Rússia subitamente tornou-se um rico e poderoso controlador não só da produção petrolífera como também do gás natural que tanto necessitam os países europeus ocidentais.

Em seguida, Putin começou a agir. Fez tratados com a China. Manteve relações estreitas com o Irão. Começou a empurrar os Estados Unidos para fora das suas bases na Ásia Central. E assumiu uma postura muito firme contra a ampliação da NATO a duas zonas-chave: a Ucrânia e a Geórgia.

A ruptura da União Soviética dera origem a movimentos secessionistas em muitas anteriores repúblicas, incluindo a Geórgia. Quando a Geórgia em 1990 procurou acabar com o estatuto de autonomia das suas zonas étnicas não-georgianas, estas prontamente se proclamaram estados independentes. Não foram reconhecidas por ninguém, mas a Rússia garantiu a sua autonomia de facto.

O estímulo que detonou a actual mini-guerra foi duplo. Em Fevereiro, o Kosovo transformou a sua autonomia de facto em independência de jure. A sua decisão foi apoiada e reconhecida pelos Estados Unidos e por muitos países da Europa ocidental. A Rússia advertiu na época que a lógica desta decisão aplicava-se igualmente às secessões de facto nas ex-repúblicas soviéticas. Na Geórgia, a Rússia decidiu imediatamente, pela primeira vez, autorizar o estabelecimento de relações directas com a Ossétia do Sul e a Abkházia, em resposta directa à decisão do Kosovo.

E, em Abril deste ano, os Estados Unidos propuseram numa reunião da NATO que a Geórgia e a Ucrânia fossem recebidas num chamado Plano de Acção para Adesão à Aliança (Membership Action Plan). A Alemanha, a França, e o Reino Unido opuseram-se, dizendo que seria uma provocação à Rússia.

O presidente neoliberal e fortemente pró-americano da Geórgia, Mikhail Saakashvili, ficou desesperado. Viu que a reafirmação da autoridade georgiana sobre a Ossétia do Sul (e a Abkházia) estava perdida para sempre. Assim, escolheu um momento de desatenção da Rússia (Putin nas Olimpíadas, Medvedev de férias) para invadir a Ossétia do Sul. Claro que o insignificante exército da Ossétia do Sul entrou completamente em colapso. Saakashvili esperava forçar a mão dos Estados Unidos (e também da Alemanha e da França).


Cartoon de Gonçalo Viana publicado na Visão de 21 de Agosto.


Em vez disso, o que obteve foi uma resposta militar imediata da Rússia, sobrepujando o pequeno exército georgiano. O que obteve de George W. Bush foi retórica. O que podia Bush, no fim de contas, fazer? Os Estados Unidos não eram uma superpotência. As suas forças armadas estavam presas em duas guerras perdidas no Médio Oriente. E, o mais importante de tudo, os Estados Unidos precisavam da Rússia mais que a Rússia precisava dos Estados Unidos. O ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Sergei Lavrov, observou designadamente num artigo de opinião no Financial Times que a Rússia era um "parceiro com o Ocidente no... Médio Oriente, no Irão e na Coreia do Norte".


Quanto à Europa ocidental, a Rússia controla, no essencial, as suas reservas de gás. Não por acaso, foi o presidente Sarkozy da França, e não Condoleezza Rice a negociar a trégua entre a Geórgia e a Rússia. A trégua incluiu duas concessões essenciais da Geórgia, que se comprometeu a não usar mais a força na Ossétia do Sul, e o acordo não continha referências à integridade territorial georgiana.

Assim, a Rússia emergiu muito mais forte que antes. Saakashvili apostara tudo o que tinha e estava agora falido geopoliticamente. E, como irónico rodapé, a Geórgia, um dos últimos aliados dos EUA na coligação no Iraque, retirou de lá os seus 2.000 militares. Estas tropas vinham a desempenhar um papel crucial nas áreas xiitas, e tiveram de ser substituídas por tropas dos EUA, que tiveram de ser retiradas de outras áreas.

Quando se joga o xadrez geopolítico, é melhor conhecer bem as regras, ou é-se enganado.