segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Momentos Vigorosos

1. Desafios


Boletim n.º 1 - Janeiro de 2007


Boletim n.º 2 - Abril de 2007


Boletim n.º 3 - Julho de 2007


Boletim n.º 4 - Outubro de 2007


Boletim n.º 5 - Janeiro de 2008



2. IV Torneio Internacional da Figueira da Foz (2007)



O IV Festival de Xadrez da Figueira da Foz é um dos maiores e melhores da época.
Constituído por uma conferência do revolucionário Edmundo Pedro (que aprendeu a jogar xadrez durante os nove anos que passou no Tarrafal com outros perseguidos políticos) e uma simultânea dada pelo jovem prodígio da República Checa, Jiri Kociscak - 13 anos, 2223 pontos elo! -, o Festival, que na cerimónia de abertura, em que se fez uma sessão evocativa do Fado de Coimbra, teve direito a honras televisivas e à presença dos edis locais e da actriz Inês Castel-Branco, "apreciadora de xadrez e da Cidade da Figueira da Foz" [fonte: organização], tem como ponto alto a IV edição do Torneio Internacional.

Neste torneio, que decorreu de 27 de Outubro a 4 de Novembro nas instalações do Casino da Figueira da Foz, participaram alguns dos melhores jogadores nacionais, além de vários profissionais. De tal modo que este é o único torneio realizado em Portugal que, no fim das suas nove sessões, pode atribuir normas de Mestre Internacional e Grande Mestre. Não sendo, pois, de estranhar que seja "considerado o melhor torneio português de sempre" por alguns [cfr. jornal O Figueirense, 26-10-2007].



E no meio do turbilhão houve dois vigorosos (Helder e Tiago Pinho) a aproveitar a oportunidade quase única de defrontar jogadores de outra galáxia numa partida oficial em ritmo clássico...

Os resultados foram bastante razoáveis: em 9 rondas os vigorosos disputaram 6 (dois byes e uma falta de comparência), tendo obtido, em conjunto, mais de 50% dos pontos em disputa e terminado acima dos seus rankings iniciais, além de terem ganho uma dúzia de pontos de elo.

Da lista de inscritos constavam xadrezistas como o GM Kevin Spraggett (2580, já foi do top-10 mundial e o terminou o ano passado com 2633 pontos elo!), GM Oleg Romashin (2547, ex-campeão da União Soviética), GM Vladimir Dimitrov (2471, já venceu o Torneio de Linares!) ou o GM Luís Galego (2530, primeiro do ranking nacional), além de GM Dragan Paunovic (2535), GM Petr Velicka (2519), MF Anton Kovalyov (2510), MI Krasimir Rusev (2479), MI Michael Hoffman (2471), MI Paulo Dias (2443), GM Juan Bellon (2434), MF António Vítor (2371), MI António Fróis (2354), MF Pablo Martinez (2295), MF João Cordovil (2223) e, ainda, a WMI Catarina Leite (2191) e a WF Ariana Pintor (2137).

No total, participaram 53 jogadores de 10 nacionalidades diferentes, dos quais 7 Grandes Mestres, 4 Mestres Internacionais, 1 Mestre Internacional Feminina, 4 Mestres Fide, 1 Mestre Fide feminina e pelo menos os 2 Grandes Necas das Cavadas. A lista completa dos participantes bem como as estatísticas do torneio (excepto os títulos de GN dos vigorosos que a FIDE teima em não reconhecer…) pode ser consultada no site chess-results.com.

O torneio teve uma média de elo de 1984 pontos, sendo que quer o Tiago (1953) quer o Helder (1813) estavam abaixo da média, ocupando, respectivamente, o 30.º e o 37.º lugar do ranking inicial.

Do Porto, participaram também a WF Ariana Pintor (Grupo de Xadrez do Porto, sub-20, 22.ª do ranking inicial) e o Jorge Viterbo Ferreira (1902, Dias Ferreira, sub-14, 35.º do ranking inicial), sendo que estes, ao contrário dos Vigorosos, ficaram alojados durante toda a semana no Hotel SottoMayor, da rede Sabir - patrocinadora do torneio -, na Figueira da Foz.

Ou seja, além de Grandes Necas, os Vigorosos foram também os únicos turistas que fizeram 150 kms para chegar ao local de jogo e outros tantos para regressar a casa, na maioria das sessões em que participaram, além de falharem as jornadas 2, 3 e 7 por motivos profissionais... É a festa do xadrez!

Ao contrário do habitual, dado número impressionante de jogadores (muito) fortes presentes, quer o Tiago quer o Helder iniciaram o torneio na segunda metade do ranking inicial! Ou seja, na primeira jornada foram logo emparceirados com jogadores do topo do ranking, pelo que o torneio não poderia ter começado melhor.



1.ª JORNADA (Domingo, 28 Outubro)

Na primeira jornada, encontros míticos para os Vigorosos que, para não variar, chegaram atrasados, dado o trânsito apanhado na estrada nacional.

Na mesa 10, o Helder, de brancas, jogou com o Mestre Internacional Paulo Dias (2443, 4.º do ranking nacional), numa partida a relembrar as ferozes batalhas dos Nacionais de Jovens onde, apesar de tudo, a diferença entre os dois jogadores era menor. É que, apesar de serem dois xadrezistas da mesma geração, o Paulo não parou de evoluir...

Esta foi a partida que o Helder mais gostou de jogar. Durante o confronto o Vigoroso sentiu-se confortável, sendo que "na [sua] imaginação o jogo deu para aquecer". Após ter cometido um erro na abertura, o Helder corrigiu-o à custa de muito tempo no relógio e muita "especulação", factos que, juntamente com a falta de estofo para aguentar a pressão de jogar com um Mestre como o Paulo, foram suficientes para cair no clássico táctico "toma lá a minha dama".

O Tiago teve também a honra de defrontar um adversário igualmente muito ilustre, o Grande Mestre Luís Galego (2530, 1.º do ranking nacional!). Face ao melhor adversário que alguma vez defrontara, um erro infantil logo ao 4.º lance condicionou toda a partida que foi, seguramente, a sua pior dos últimos anos. Depois de ter recolhido do tabuleiro um peão que lhe foi amavelmente oferecido pelo Tiago na abertura, o Grande Mestre apertou a posição do Vigoroso num abraço pitão, levando ao abandono deste em apenas 15 jogadas! A resistência foi inglória, mercê do acerto "computorizado" do plano estratégico desenhado por Luís Galego.

Grande Neca 0 - 1 Grande Mestre, como esperado, apesar de a forma como foi consentida a derrota ter amputado a alma xadrezística do GN. Pelo menos durante aquela noite e o dia seguinte...

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2.ª e 3.ª Jornada (29 e 30 de Outubro)

Dois dias de descanso, dois meios pontos...

Byes para os Grandes Necas que, ao contrário dos GMs, trabalham para jogar xadrez.

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4.ª Jornada (Quarta-feira, 31 de Outubro)

Nesta jornada, os Vigorosos tiveram direito à simpática companhia do Engenheiro Supremo (também conhecido como Pedro Rodrigues). Depois de rumarem a Gaia profunda (zona industrial de Canelas!) onde trabalha o Helder, o GPS do Pedro mandou-nos seguir pela A29.

Em péssima hora! Certo que talvez seja o melhor caminho mas aquilo que a tecnologia não sabia é que naquela estrada, no troço de Arcozelo, tinha havido não um, não dois, não três - nem sequer quatro - mas cinco, cinco! acidentes de viação em cerca de um quilómetro de estrada!! Na síntese do Jornal de Notícias, intitulada "Acidente cortou A29 mais de nove horas" (ver), estiveram envolvidos mais de dez carros, sendo que "o acidente mais aparatoso ocorreu a cerca de 500 metros da saída da Granja, quando os automobilistas começaram a abrandar para ver o acidente que, momentos antes, tinha ocorrido"...

Presa entre o mar e a Linha do Norte, a Vigorosa comitiva viu o relógio a andar para frente e a vida a andar para trás. Depois de contactar a organização do torneio, para informar do expectável atraso, o árbitro principal da prova - o reputado Árbitro Internacional Carlos Oliveira Dias - ficou de transmitir aos nossos adversários a nossa situação.

Simpaticamente, quer o João Coimbra quer o Nuno Maltez acordaram adiar a partida por 30 minutos, pelo que o nosso atraso não teve consequências mais penosas, que não o stress de mais de uma hora parados com a urgência de ter um horário para cumprir.



Nesta jornada, o Helder não conseguiu ultrapassar o Nuno Maltez - numa partida que jogou longe do tabuleiro, sem fulgor, ainda por cima contra um Gambito de Rei recheado de truques e cuja teoria desconhecia... - enquanto que o Tiago teve uma luta de titãs com o João Coimbra que acabou por levar a bom porto, após um final de torre e peões. Mas além do desenvolvimento da partida, outros acontecimentos apimentaram o encontro que foi jogado com uma intensidade a fazer lembrar os mind games de José Mourinho.

Quando o Tiago chegou à sala de jogo - nessa noite conduziria o exército negro -, sensivelmente pelas 20h05, o relógio estava surpreendentemente a contar para as brancas e nenhum lance tinha ainda sido jogado. Contactada a arbitragem, foi o Vigoroso informado que tinha sido acordado com o seu adversário o início da partida pelas 20h00, facto de que ele era conhecedor, pelo que a essa hora, ainda que face à sua ausência, o árbitro fez o que lhe competia: pôs o relógio a contar.

Esclarecido, o Tiago dirigiu-se à sua mesa e aguardou de pé a chegada do oponente dessa noite. Quando este chegou, depois de ter amavelmente replicado ao agradecimento que lhe foi endereçado por ter adiado a partida meia hora, o João Coimbra viu que o relógio estava a contar para ele, facto que lhe desagradou. Depois de o árbitro lhe ter dito que o "roubo" era consequência regulamentar do acordado, sentou-se e avançou o peão de c uma casa, levantando-se de seguida e informando que iria ao quarto de banho.

Face a isto, o Tiago optou por aguardar pelo adversário antes de fazer o seu primeiro lance, pelo que foi ver como estavam a correr os restantes jogos. Quando viu o oponente regressar à sala dirigiu-se ao tabuleiro. Nesta altura o relógio do adversario marcava 86 minutos e o do Tiago 87. Constantando tal juntamente com o facto de as negras não terem ainda replicado... o adversário, perguntando se se tratava de alguma brincadeira, ameaçou abandonar a partida! Que não era brincadeira nem caso para abandonar a partida lhe retorquiu o vigoroso, avançando o peão do bispo do rei duas casas para a frente. Aparentemente surpreendido, o adversário parou para reflectir alguns momentos...

Algumas jogadas volvidas, o Tiago foi interpelado: "Sabia que o Sporting está a perder em Fátima?" O vigoroso não sabia, mas folgou em saber. Claro que a troca de palavras não passou despercebida à equipa de arbitragem que interpelou à distância o jogador das brancas. Este, com um breve mas incisivo sinal de mãos, pediu ao árbitro auxiliar para se aproximar e quando questionado sobre o que se passava desarmou o juiz (aparentemente sportinguista) com aquele resultado da taça da liga.



A batalha adensava-se no tabuleiro com as peças negras praticamente todas na ala de rei, a coluna f semi-aberta com uma bateria de duas torres e dama e um peão em e4 a controlar o buraco de f3, casa que por sua vez tinha por sentinelas o Rei e um Cavalo branco. Os exércitos moviam-se pela calada tentando ocultar os planos até que as negras atiram uma Torre para f3, propondo o sacrifício da qualidade. Sacrifício no mínimo temporário, se é que não teria final mais funesto para as brancas...

Nessa altura alguns voyeurs apreciavam a batalha. E o jogador das brancas içou o braço, levou-o para a ala de rei, pegou na torre, rodou-a ligeiramente nos dedos e voltou a pousá-la, regressando à sua meditação... "Era para arranjar?" "Hum?" replicaram as brancas, surpreendidas pela interrupção. "Perguntei se pegou na peça para a arranjar." "Sim, claro. Que poderia ser?" "Bom, se não avisar que pretende compor a posição, é obrigado a tomar peça, sob pena de lance ilegal." Arreliado, as brancas retorquem "Isso seria um erro elementar, não seria?" E as negras não ficam atrás: "Não sei se seria elementar, ou sequer um erro, mas que seria obrigado a tomar a torre, lá isso seria..." Uma vez mais, o árbitro tem que se aproximar do tabuleiro e, novamente com uma conduta absolutamente irrepreensível, tenta inteirar-se da situação: "Os senhores têm alguma questão?" Que não, responde o Tiago, que se tratou apenas de compor a posição... E a contenda prossegue.

Depois de ver o peão da ala de dama promover, face à melhor continuação (que permitiria às negras finalizar a partida num final de Rei e Torre contra Rei), as brancas abandonam. As mãos apertam-se, os adversários reconhecem mutuamente o esforço e o mérito da contraparte, mas se bem que "a partida foi muito interessante, [o Tiago] não precisava de se socorrer de jogos psicológicos", despediu-se, por instantes, o oponente. E os mind games continuaram já na sala de análises...

Foi a penúltima partida a terminar, instantes antes de o GM Luís Galego vencer um final de Dama e peão contra Dama, demonstrando uma técnica espectacular.


Jornada Dupla (Quinta, 1 de Novembro)

O calendário do torneio reservou para o feriado duas sessões, uma pelas 10h00 e outra pelas 19h30. O dia, primaveril, começou com o sol a recarregar as baterias dos vigorosos que, depois de terem regressado na noite anterior pelas 2h00, se fizeram novamente à estradas às 9h00.

Os 150kms da praxe fizeram-se sem incidentes, tanto mais que, depois da utilização do GPS do Pedro, a rota utilizada no domingo foi substancialmente melhorada: agora, graças à tecnologia e na ausência de acidentes, Porto-Figueira fez-se sem recurso à estrada nacional recomendada pela ViaMichelin.com.

Desta vez quem se atrasou foi o Tiago, que assim deu tempo ao Helder para tomar o pequeno-almoço que foi reforçado no Café Ipanema, a dois passos (literalmente, se dos grandes!) da entrada do casino, na simpática companhia dos proprietários que, após o lanche ajantarado do último dia (domingo) se despediram com um "Então, atá para o ano!", depois de terem perguntado quem tinha ganho, "se tinha sido aquele estrangeiro que apareceu no jornal" [revista de O Jogo]. O Café Ipanema podia ficar na Rua do Estrela e Vigorosa Sport, pelo menos a avaliar pelos horários: foi lá que na noite anterior tinhamos ceado um prego no pão para a viagem, ementa que de manhã foi substituída por um leite achocolato e um pão com manteiga (leite achocolatado... está visto porque não chegamos a GM!)

De manhã, o Tiago defrontou o angolano Vicente Silva (1809) com as peças brancas, dando oportunidade à sua Bird de se redimir do paupérrimo rendimento frente ao GM Luís Galego, numa partida que foi publicada no site do torneio e, consequentemente, era provavelmente do conhecimento do seu adversário. De isto ficou convencido quando, após 1. f4, viu as negras optar por um sistema moderno (d6, g6, Bg7...) ao qual, depois de ter aprendido com o erro de domingo, respondeu com uma stonewall (parede de pedra, assim baptizado em virtude da estrutura dos peões com c3, d4, e3 e f4). As negras optaram por tentar inverter para uma Siciliana mas, depois de falharem duas hipóteses para igualar, as brancas montaram uma teia ao Rei adversário que entretanto perdera o direito ao roque, dispondo de dois bispos que mais pareciam um par de Papas.



O Helder teve pior sorte (após um erro na abertura conseguiu paulatinamente recuperar a desvantagem até que, no final, acabou por quebrar nos apuros de tempo após tremenda especulação do adversário) e o almoço decorreu "em família" com a delegação do Porto (Ariana, Jorge e seus pais), a que se seguiu um passeio a pé pelas ruas da Figueira. Oxigenados, houve ainda tempo para jogar umas rápidas e lanchar antes do início da sessão da tarde.

Aí, o Tiago defrontou a Mestre Internacional Catarina Leite que optou pelo sistema clássico da Abertura Italiana com d3. Depois de contestar espaço na ala de Dama com a4, à proposta das negras para a troca dos bispos em e6, as brancas especularam com Db3 e, lance a lance, encostaram as negras às cordas.

Um peão em e5 com um olho em f6, um Bispo em c1 a apontar ao peão de h6, dois Cavalos em frente ao roque e uma Dama na coluna g foi o que as brancas apresentaram ao monarca negro. Este, por sua vez, refugiou-se em h7, à espreita e a segurar h6, trazendo uma Torre para g8, um Bispo para f8, um Cavalo para e6 e a Dama para d7.

E assim foram resistindo até que, quando o relógio marcava já menos de 10 minutos, as negras optaram pela versão mais aguda: Dama toma a4! Ao preço de um peão, as negras têm agora a Dama e o Cavalo no hemisfério oposto àquele em que a contenda se desenvolve. E as brancas, impávidas, continuam a preparar mais tropa - uma Torre e o peão de f4 - para a frente de ataque.

Quando o tempo começou a escassear, a Mestre decide-se: Cavalo toma em h6 e, a descoberto, deixa a dama negra que entretanto voltara a d7 atacada. O ataque é diluido à custa da entrega da qualidade por um peão e iniciativa. Os segundos escasseiam e a posição é sanguinária: peões passados na ala de rei, torres e bispo para as brancas; peões passados na ala de dama, torres, bispo e cavalo para as negras. A posição está aberta e tudo pode acontecer até que o habitual (na estatítica dos jogos do Tiago, entenda-se) avanço de duas casas do peão de f custa às negras, com uma continuação elementar depois da passagem, um peão. Tivesse a opção recaído no avanço do Rei e o resultado talvez fosse outro...

Ainda assim, quais ciclistas no sprint final, de calças arregaçadas pelos joelhos, os peões desunham-se para conseguir a merecida coroação. As brancas fazem-no primeiro mas as negras não abandonam, antes enviam o monarca atravessar o tabuleiro, no sentido de pressionar o seu congénere e à busca de um táctico salvador... que, graças à técnica precisa da WMI Catarina Leite não tem sequer oportunidade de se insinuar.

Na bifurcação, entre a morte ou a troca de Bispo e Cavalo por Torre e, consequentemente, de todo o contra-jogo, face à força da Dama, as negras abandonam. Foi uma boa partida, frente a uma jogadora de outro campeonato mas face à qual, ainda assim, a réplica não envergonhou. Foi para ter oportunidade de fazer partidas destas - e aproveitar as dicas simpáticas e pertinentes quer da Catarina quer de Paulo Dias - que os Vigorosos se inscreveram neste torneio pelo que, para o Tiago - que tinha já tido a possibilidade de jogar com o número do ranking nacional -, a prova podia terminar.



Nesta segunda ronda do dia, o Helder defrontou o João Coimbra numa partida em que, apesar de os motivos psicológicos não terem vindo à baila com tanta acuidade, o Vigoroso salientou "a obstinada capacidade de análise do adversário", presente principalmente na forma como tentava rebater continuações únicas.


7.ª Jornada (Sexta-feira, 2 de Novembro)

Devido a um aumento imprevisto do volume de trabalho para o fim de semana, os Vigorosos acabaram por faltar à sessão. Felizmente, quer a arbitragem quer a direcção de prova foram sensiveis à justificação tempestivamente apresentada e nem o Helder nem o Tiago foram excluidos do torneio.


8.ª Ronda (Sábado, 3 de Novembro)

Em face da experiência e do desgaste acumulado durante a semana, o Tiago e o Helder decidiram passar a noite de sábado para domingo no Hotel SottoMayor da rede Sabir, o confortável estabelecimento hoteleiro que patrocinou o Festival de Xadrez da Figueira da Foz.

Apesar de ser sábado, os jogadores do Vigorosa conseguiram, ainda assim, chegar atrasados à sessão, hábito que neste torneio, ao abrigo do princípio da rotatividade, dados os antecedentes deste início de época, foi da exclusiva responsabilidade do Tiago. De qualquer modo, a qualidade escaquística dos nossos jogadores não ficou prejudicada, tendo ambos vencido as suas partidas.

O Tiago viu a sua Bird facturar depois de um ataque equestre ao roque pequeno das negras e o Helder também acumulou vantagens que lhe garantiram um final sossegado com dois peões a mais.



O nosso quarto de hotel era um espectacular T0 com kitchnet onde sobressaia a vista para a piscina e a mesa de análises. O único senão, amplamente compensado com o abundante pequeno-almoço servido, foi o frigorífico estar vazio. Talvez a fama do Helder tenha já ultrapassado as fronteiras do distrito...

Aproveitámos para conhecer a Figueira by night durante três quartos de hora e recolhemos ao hotel para fazer de conta que também éramos jogadores fortes, empenhados e preocupados: depois de a Ariana ter ligado o portátil à internet para ver o emparceiramento e verificar as preferências recentes do seu próximo adversário, trocámos literatura com o Jorge. Ele levou um livro do Tiago e o Helder ficou com o segundo volume da mais recente colecção do Kasparov. Todavia, antes de terminarmos a primeira partida, o sono falou mais alto.


9.ª Ronda (Domingo, 4 de Novembro)

O dia começou bem, por volta das 11h20, com um belo pequeno-almoço (claro que servido até às 11h30... mas o José Ribeiro ainda chegou mais tarde =D ). Seguiu-se o vício (rápidas em "bota-fora"), com a particularidade de o Tiago defrontar o Jorge sempre de brancas, uma vez que o sorteio ditou que se encontrassem na última ronda com as cores invertidas.



Jogaram uma Partida dos Quatro Cavalos em que, depois de as negras permitirem a troca das damas e de todas as peças menores, à custa de 4 peões dobrados, num final quase simétrico com duas torres as brancas propuseram empate.

A Ariana perdeu com o Mestre Fróis e estes três portuenses terminaram com 4,5 pontos, seguidos de perto pelo Helder que concluiu com 4, após vitória sobre o Pedro Pinto (1954). Nesta partida, o Helder, de negras, conseguiu igualar, primeiro, e ganhar a iniciativa, depois, ficando melhor, apesar de, depois de o Pedro Pinto ter reagido energeticamente com f4, o Helder ter tido necessidade de agrupar todo o seu exército junto ao Rei para, no momento oportuno, ter disparado um peão passado que desequilibrou completamente a posição das brancas.

Seguiu-se a divulgação da classificação final e a cerimónia de entrega dos prémios, na presença dos patrocinadores (MacDonald's da Figueira da Foz, Câmara Municipal da Figueira e, principalmente, Hóteis Sabir) e, uma vez mais, dos jornalistas, encerrando-se o torneio com um cocktail de convívio.


Classificação final:

1.º - GM Kevin Spraggett (1.º do ranking inicial, 2580 pontos de elo) - 7 pontos;
2.º - FM Anton Kavalyov (6.º, 2510) - 7;
3.º - GM Juan Bellon (11.º, 2434) - 6,5 pontos;
4.º - FM Paulo Dias (10.º, 2443) - 6,5;
5.º - GM Vladimir Dimitrov (8.º, 2471) - 6 pontos;
6.º - GM Oleg Romanishin (2.º, 2547) - 6;
7.º - Diogo Alho (15.º, 2244) - 6;
8.º - GM Luís Galego (4.º, 2530) - 6;
9.º - IM Krasimir Rusev (7.º, 2479) -6;
10.º - IM Michael Hoffman (9.º, 2471) - 6;
11.º - FM António Vitor (10.º, 2371) - 5,5 pontos;
12.º - GM Petr Velicka (5.º, 2519) - 5,5;
13.º - IM António Fróis (13.º, 2354) - 5,5;
14.º - Rex Blalock (17.º, 2204) - 5,5;
15.º - GM Dragan Paunovic (3.º, 2535) - 5 pontos;
(...)
22.º - WIM Catarina Leite (18.º, 2191) - 4,5 pontos;
(...)
25.º - Jorge Viterbo Ferreira (35.º, 1902) - 4,5;
(...)
27.º - WFM Ariana Pintor (22.º, 2137) - 4,5;
(...)
30.º - Tiago Brandão de Pinho (30.º, 1953) - 4,5;
(...)
32.º - Jeronimo Tebar (32.º, 1939) - 4 pontos;
33.º - Helder Pinho (37.º, 1813) - 4;
(...)
53.º - Thomas Lochte (20.º, 2172) - 0 pontos.



«O canadiano Kevin Spraggett que já foi um dos melhores jogadores do mundo e a residir em Portugal já há quase duas dezenas de anos, venceu brilhantemente o Torneio Internacional. Depois da vitória sobre o GM Luís Galego, na 7ª ronda, o jogador canadiano estava lançado para a vitória. O empate frente ao GM da República Checa, Petr Velicka, na 8ª ronda, deixava tudo em aberto para a última onde defrontaria outro grande nome do xadrez mundial, o GM ucraniano ,Oleg Romanishin. O jogo viria a terminar num empate que se revelou suficiente para a consagração de Kevin Spraggett como vencedor do torneio.» in site da organização.

Foram atribuidas três normas internacionais.
Anton Kovalyov fez uma norma de Grande Mestre, o que não surprendeu ninguém, dado o nível extraordinário que este jovem tem apresentado no último ano e que o levará, com toda a certeza, ao TOP mundial.
Paulo Dias fez nova norma de Mestre Internacional, título que não ostenta ainda por não se ter realizado o Congresso da FIDE que o vai homologar.
O resultado individual mais espectacular foi o de Diogo Alho, jogador da Académica de Coimbra. Classificado em 7.º lugar, foi o único jogador do top-10 não titulado. Depois de, há poucos meses, Petr Velicka - também jogador da Académica - ter recebido o título de Grande Mestre, Coimbra tem novo mestre na forja...

Quanto aos vigorosos, os resultados desportivos, dadas as limitações assinaladas, foram bastante interessantes.
O Tiago, em 6 partidas, venceu três, perdeu duas e empatou uma, tendo defrontado adversários com uma média de elo de 2040 pontos, performance suficiente para ganhar 5 pontos de elo.
O Helder fez 50%, três vitórias e três derrotas, frente a adversários com uma média de 2033 pontos, pelo que ganhou 10 pontos de elo.

Este torneio foi claramente, em termos de condições logísticas, força de jogo dos adversários, nível de arbitragem e capacidade organizativa, um dos melhores torneios - senão mesmo o melhor - em que já participámos.

Para quem gosta de jogar xadrez, já não basta "ter um filho, plantar uma árvore e escrever um livro". Também tem que jogar o Internacional da Figueira.

É provavelmente o melhor torneio do país e merece todos os esforços de participação.


3. II Torneio de Natal Conde S. Bento



Domingo à tarde (9 de Dezembro de 2007), "decorreu em Santo Tirso, na Escola Agrícola Conde de S. Bento, o II Torneio de Natal do Conde de S. Bento, organizado pelo Núcleo de Xadrez de Santo Tirso, em que participaram 72 jogadores de todas as idades. TIAGO BRANDÃO DE PINHO, do Estrela e Vigorosa Sport, foi o vencedor isolado, com 6,5 pontos em 7 possíveis, seguindo-se no pódio os jovens ANA CATARINA LIBÓRIO, do Moto Clube do Porto/ALPI, e RAFAEL EDUARDO TEIXEIRA, do Clube Amador de Mirandela, ambos com 6 pontos". fonte: AXP



O II Torneio de Natal "Conde S. Bento" foi organizado pelo Núcleo de Xadrez de Santo Tirso, clube que, apesar de recente, tem já mais de meia centena de sócios que participam assiduamente nos torneios que se realizam ao longo da época.

Além da simpatia e bonomia dos seus elementos - com quem os vigorosos alimentam uma saudável competição -, o NXST é reconhecido pela forma sempre agradável como recebe os seus visitantes.

O II Torneio de Natal "Conde S. Bento" não foi excepção e a nossa comitiva sentiu-se em casa na Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento, cujas instalações pertencem ao antigo Mosteiro S. Bento (fundado no século X, reedificado no XVII), actualmente classificado como Monumento Nacional.



O espaço onde a Escola se insere é extremamente rico. O miradouro sobre o rio, a mata, as estufas e o roseiral, bem como o ovil, a pocilga ou a vacaria, passando pela queijaria e a adega, são apenas alguns dos pontos de interesse.

Mas não só. Além da doçaria local, há outros pontos de interesse. Que o digam os familiares do João Alves que aproveitaram o torneio para dar um passeio enquanto este jogava e foram ao Mosteiro benedito de Singeverga, também em Santo Tirso, ver a Adoração dos Reis Magos, a recém-descoberta tela do renascentista pintor veneziano Jacopo Tintoretto. Esta obra deixou de ser referenciada no século XVIII e foi "descoberta" este ano por um especialista que, por acaso, visitava o Mosteiro e ficou muito surpreendido com o enorme painel (5x2m) que ali descobriu...



Quanto ao torneio, foi uma das competições melhor organizadas em que participámos esta época, o que não é de estranhar, dado o clube responsável. Apesar de se tratar de um torneio de semi-rápidas, havia uma sala de análises onde os jogadores podiam aguardar pela ronda seguinte quando terminavam as suas partidas, uma divisão para o secretariado e a espectacular sala de jogo que podem ver na imagem.

A arbitragem e a direcção de prova não se esqueceram, por um momento sequer, que esta era uma prova para os jogadores mais novos. Assim, os jogadores só eram convidados a sair do local de jogo quando faziam mais barulho que o aceitável. Caso contrário, não havia qualquer constrangimento à sua presença na sala, podendo acompanhar as partidas dos jogadores mais fortes. O primeiro tabuleiro era, como habitualmente, um dos mais requisitadas, mas, de maneira a não prejudicar os jogadores, a organização mantinha um "cordão de segurança" informal, pelo que, apesar de terem muitos espectadores à volta, os xadrezistas não notavam a sua presença.

Outro sinal distintivo do evento foi, a meio do torneio, a distribuição de um lanche (sumo, salgado e bolo) por todos os jogadores, bem como de um Pai Natal de chocolate antes da última sessão. Por fim, além dos prémios para os xadrezistas que obtiveram melhor desempenho nessa tarde, foi ainda sorteado, por todos, uma prendinha de Natal muito apropriada: um livro de xadrez.



A competição decorreu sem sobressaltos - bom, quase sem sobressaltos: no início da penúltima sessão, os organizadores não conseguiram evitar a presença de uma abelha ENORME que, simpaticamente, quis demonstrar todo o seu apoio ao Simão Pintor, pousando com afinco no seu braço esquerdo. O Tiago, talvez por se sentir menos acompanhado, (sobres)saltou fora, literalmente, depois de avisar (sobressaltar?) o Simão que só após vários agradecimentos (e talvez 10/15 segundos) conseguiu afastar a dedicada fã. Seria mel? ;) Desconhece-se se a abelha seguiu depois para o colo da Ana... =D Seja como for, fica aqui o primeiro prémio oficioso da crónica: o de casal de namorados mais simpático da prova.

Quanto ao segundo prémio oficioso - Prémio Fair Play - é atribuido à nossa Joana Prêza Andrade que, apesar de ter vencido três partidas, apenas amealhou dois pontos. Isto porque houve um engano na marcação de um dos seus resultados e como não verificámos a folha de resultados antes de emitido o emparceiramento, ela optou por não atrasar o torneio e aceitar o emparceiramento que lhe retirava um ponto.

De relevo, nada mais há a acrescentar, excepto a vontade com que todos ficámos de voltar a participar num torneio organizado pelo clube do Professor Ricardo, do Rui Ferreira e do Albano Moreira. E de ter oportunidade de conhecer melhor o Mosteiro e a Escola de S. Bento que bem merece o passeio!


Quanto aos vigorosos:

Tiago Brandão de Pinho - Número dois do ranking inicial, o Tiago empatou na 4.ª ronda com o número um (Emanuel Sousa, 1981, Moto Clube), ao aceitar a proposta que lhe foi apresentada numa posição muito aguda e duvidosa a que chegou depois de, especulando, sacrificar um bispo no roque adversário. Durante o torneio fez partidas muito interessantes com bons jogadores e jovens promessas (António Matos, Ana Libório, Pedro Mendes, Gustavo Oliveira, Diana Nogueira...) e com o Vitorino Ferreira, uma das referências do xadrez no Porto. Terminou em primeiro devido à derrota, por tempo, do Emanuel na última sessão, vencendo um torneio, algo que só acontecera uma vez (imediatamente antes da sua paragem de 5 anos, na ida época de 1997/98) apesar de por vezes conseguir ficar nos primeiros lugares dos torneios em que participa. "Ganhar por ganhar, ainda bem que foi em Santo Tirso", confidenciou o jogador no regresso a casa.

Bruno Guinapo - O Bruno terminou com 4 pontos e mostrou a consistência da sua crescente e rápida evolução. Apesar de ter chegado ao xadrez federado há cerca de meio ano, depois de ter feito uma surpresa na Taça AXP ao vencer um jogador de mais de 1900, fez uma prova que só não teve maior realce porque as benesses do Núcleo de Santo Tirso se ficaram pela organização... Os jogadores deste Núcleo, José Cachorreiro (1554) e Sérgio Gomes (1586), não o deixaram ir mais longe. Por agora...

(...)



Para a classificação colectiva pontuaram o Tiago Pinho, o Bruno Guinapo, o Luís Marrafa e o Tiago Dias:

Clas. Equipa Pontos
1. Moto Clube / Alpi 20,5
2. GD Dias Ferreira 20
3. CA Mirandela 19,5
4. NX Santo Tirso 18,5
5. Vigorosa 17,5
6. GD Cem Paus 15
7. GXE Boa Nova 13,5
8. Inst. Nun'Álvares 10
9. AX Gaia 6,5
10. FC Amial-Regado 4,5
11. Musas e Benfica 3

A nossa classificação é fácil de explicar: tentando retribuir educadamente a forma como fomos recebidos, ficámos em primeiro lugar... logo depois do clube organizador! =D

1 comentário:

Tiago F. Pinho disse...

Soluções dos Desafios:

Boletim n.º 1

1. Cg6#

2. Bb5! Dxb5; Cxc7+ seguido de Cxb5

3. Te8+! Ra7 (o rei tem que jogar porque o Bf3 também da xeque!); Ta8#

4. Bf7+! Rg7 (a qualquer outro lance, as brancas respondiam com Dxh6); Dxh6 Rxh6; Bxe8 Cxe8; d7 e as negras não conseguem evitar a promoção

Boletim n.º 2

1. Rei para qualquer casa, mate!

2. e8=C#!

3. 0-0#!

4. A última jogada das negras foi b7-b5 (o único lance legal). As brancas podem, pois, comer na passagem: axb6#!

Boletim n.º 3

1. Txf6 Txf6; g5!

2. Dxd5! Dxd5; Cc7+ seguido de Cxd5

3. Txc5! Rxc5; Ba3+ seguido de Bxf8

4. Dxf7! Txf7; Td8#

Boletim n.º 4

1. Dg8#

2. Cf6+ Rh8; Txh7#

3. Txg5 hxg5; Cc5+ seguido de Cxe6 e Cxg5

4. Bc5 Te8; e4! Ce7; Tg4 (Se Dh6, Be3; e se Dh5, Txg7+ seguido de Dxh5)

Boletim n.º 5

1. No primeiro diagrama temos uma posição "catapulta". Nestas posições, diz a teoria que pode vencer quem chegar primeiro ao peão adversário. Vejamos: 1. Rc4 Rg6 2. Rd5 Rf6 (parece que o Rei negro consegue defender o peão mas...) 3. Rd6 e as negras têm que abandonar o peão. Todavia, se jogarem bem, conseguem empatar: 3. ... Rf7! 4. Rxe5 Re7! E as negras ganham a oposição e asseguram o empate. Como sabes, só dava para forçar a vitória se o Rei estivesse na 6.ª fila e o peão na 5.ª, os dois na mesma coluna - aqui, independentemente da oposição, é sempre possível promover.

2. Depois da solução anterior, esta é fácil. Só há um lance que, face a uma defesa irrepreensível das negras, garante a vitória às brancas: 1. Rd4!, ganhando a oposição e o jogo já que a promoção é uma questão de técnica.

3. O terceiro problema é uma "Ponte de Lucena" já com a Torre na 4.ª fila. As brancas ganham o jogo se promoverem o peão. E promovem o peão se conseguirem tirar o Rei de e8 e evitar os xeques da Torre negra. Mas primeiro as brancas devem afastar o Rei negro do "palco" - 1. Tc4+! obriga o Rei a afastar-se da coluna do peão ... Rb7 2. Rd7 Td1+ 3. Re6 Te1+ 4. Rd6 Td1+ e parece que as negras podem empatar por xeque perpétuo. Mas não é assim: 5. Re5! Te1+ 6. Te4! e a "ponte" está feito. O peão promoverá e as brancas ganharão.

4. No último diagrama - uma posição de Philidor -, as brancas têm que se socorrer da "defesa da 3.ª fila" para empatar. Se as brancas jogarem Te1+, o Rei negro esconde-se na casa e6: as brancas deixam de ter xeques e as negras ameaçam mate! Único lance correcto é 1. Ta6! Agora as brancas vão jogar a Torre na linha 6 (daí o nome da «defesa da 3.ª linha») até as negras avançarem o peão. Depois de 1. ... d6, 2. Ta1 e agora as brancas empatam por perpétuo, através dos xeques na linha 1. Se o Rei negro for atacar a Torre branca para evitar os xeques deixa o peão desprotegido...