A notícia, em versão electrónica, do diário desportivo Record, que divulgou o caso da convocatória para as Olimpíadas de Dresden, publicada há uma semana (22 de Outubro), terminava informando que "a Agência Lusa contactou a Federação Portuguesa de Xadrez, mas esta não respondeu em tempo oportuno".
Esta madrugada (29 de Outubro), foi publicada, no site do mesmo órgão de informação, nova notícia sobre o mesmo assunto, de que consta a posição do Presidente da Federação Portuguesa de Xadrez.
Sob o título "Xadrez: Olimpíadas voltam a provocar polémica" e o sub-título "Guerra de regulamentos amputa Selecção em Dresden", os dois primeiros parágrafos da notícia identificam a polémica, o terceiro (com o destaque "Absentismo" (?!)) transmite a posição do PFPX e o último parágrafo desta notícia sobre Dresden refere-se a... doping no xadrez.
(...)
Absentismo
António Bravo, presidente da FPX, diz que foi aplicada a metodologia das direcções anteriores em relação à Selecção, que nem sequer tem seleccionador, alegadamente por falta de verbas: “Voltar atrás seria uma falta de respeito pelos seleccionados. Cumprimos regulamentos. A Selecção não foi lesada porque os valores são semelhantes. A Associação de Mestres, por exemplo, nada fez para mudar os regulamentos. Sou presidente numa situação de recurso e não houve listas alternativas nas eleições. Existem locais próprios para estes assuntos serem debatidos.”
(...)
Sejam bem-vindos a mais uma tarde desportiva. A partida que tem honra de acompanhamento jornalístico não se joga no Vietname e continua a ser disputada num conjunto tabuleiro/peças pouco habitual, quiçá não homologado para provas FIDE.
Nos últimos lances, o Cavalo da Associação de Mestres manobrou calmamente, fazendo uma pausa para conversar com este, outra para ouvir aquele, mas lá capturou a torre negra em a8, finalizando a travessia Ch1-f2-d1-c3- (driblando o Bispo da Direcção da FPX que controla a diagonal b1-h7 e não deixa o Rei do GM António Fernandes aproximar-se do quadrado dos 5 seleccionados e do peão e7) -b5-c7-a8. Entretando, o Rei da FPX aguardava o início da Olimpíada para mandar promover os convocados em jogadores efectivos, jogando Re8-d8-e8-d8-e8-d8-e8 debaixo do guarda-chuva do peão e7, conhecido na bancada como "seleccionador mistério".
A razão que acompanha o Campeão em título, só aparentemente pregada pela Ta8, deslocou-se de a2 para a5 nas páginas do Record - xeque! -, e, no mesmo local, seguiu-se Re8-f7.
As negras jogam Re8-f7 nas páginas do Record
Apesar de as negras estarem com uma vantagem de tempo avassaladora - a queda da bandeira branca parece ser mesmo uma questão de dias -, este lance foi reflectido durante uma semana: as brancas deram xeque no dia 22 de Outubro e as negras responderam a 29, só depois de o Cavalo ter tomado em a8. Tal é possível porque no xadrez as regras cronológicas e temporais são próprias: por exemplo, fora do tabuleiro, o caminho mais curto entre dois pontos é em linha recta; mas o xadrez tem tempos que são só seus. Basta ver que o Rei demora o mesmo tempo a ir de a5 a h5 quer vá em linha recta quer vá aos ziguezagues... aqui, pelo menos, não há doping que o suspenda preventivamente por ziguezaguear, apesar de isso, à luz das regras de outros jogos, poder ser considerado aumento de rendimento!
Este lance Re8-f7 merece ser analisado.
Por um lado, cumpre os regulamentos - o Rei pode andar uma casa adjacente e, se tropeçou, pelo menos não caiu em e7 (peça largada, peça jogada!). Depois, permite ao Rei seguir para g8, onde um roque artifical tentará protegê-lo das investidas da Dama branca. Será este, porventura, o local próprio para debater a questão, pois, apesar de o Rei ter jogado em recurso - não houve voluntários para a interposição e não era possível tomar a Dama branca -, à míngua de alternativas, o Rei vai para junto do seu Bispo... se bem que não se saiba bem se o Bispo está em h7... ou em i8. Aqui da bancada de imprensa não se vê bem, devido ao poste de iluminação, sendo certo que já houve casos em que os Bispos negros participaram no jogo sem estarem no tabuleiro.
Por fim, mas não menos importante, a jogada Re8-f7 permite um ataque a descoberto ao Ca8 que, todavia, está bem defendido pela Dama branca e prepara-se para manobrar novamente, no sentido Ca8-c7-d5-e7, onde terá g8 em mira, estando prevista a chegada àquela casa para o dia 9 de Novembro. Certo que Cxe7 causa um certo incómodo - é mais um xeque, e como se dizia na sala onde aprendi a jogar "na dúvida dá-se xeque! Pode ser que seja mate!" - também resolve a questão do seleccionador, pelo que não se poderá dizer que o Cavalo nada fez.
Variante 9 de Novembro com o Bispo em i8.
Apesar de as peças críticas no tabuleiro serem, nesta posição, a Dama e o Cavalo branco e o Rei negro - além, claro, do Rei branco (sem rei não há jogo!) e dos seis peões negros (que estão suspensos até dia 12 de Novembro) - aquele lance Re8-f7 pretende também acabar com todo o jogo das brancas na ala de dama para centrar todas as atenções na de Rei, onde o cavalo do doping foi descoberto, sem querer, enquanto almoçava.
As negras pretendem resolver a polémica com Rf6-g5!!
Esta manobra surpreendente talvez não queira eclipsar a ala de Dama, mas não há dúvida que surpreende, até porque o Ch4 costuma estar amarrado à manjedoura na casa i5, onde, de acordo com muitos regulamentos, relincha se quiser que algum xadrezista lhe troque o feno ou a água. Se o Cavalo não relinchar, o jogador pode ir para casa sem correr o risco de ser preventivamente suspenso por tomar um diurético.
Mas não será necessário ir mais longe na análise, porque, além da posição não pedir a consideração de Rf6-g5 como tema candidato, agora que atento melhor na ala de Rei, bem vistas as coisas, a posição negra, concretamente a sua estrutura de peões, é ilegal: não é possível chegar àquela estrutura através de qualquer sequência de lances regulamentares. Há ali um peão, talvez o de h3 que deveria ser substituído por outro. Nem que fosse o de b2 que, de acordo com o cartão de atleta federado, é de uma xadrezista da AX Faro.
Prevê-se algum tempo de descanso neste match, pelo que voltaremos para acompanhar os Campeonatos do Mundo.
ps: Não é preciso dizer que qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade.
ps2: Qualquer adepto pode dizer que todos os seleccionáveis são igualmente bons. O Presidente da FPX não pode dizer que a Selecção não saiu prejudicada porque se trata, aqui, de uma questão de justiça (aplicação do regulamento), não de valor desportivo.
ps3: Voltar atrás seria uma falta de respeito para os seleccionados? Que respeito receberam os jogadores que deveriam ter sido seleccionados mas não o foram? Voltar atrás não era oportuno por aquele motivo. Mas seria legal?
Esta madrugada (29 de Outubro), foi publicada, no site do mesmo órgão de informação, nova notícia sobre o mesmo assunto, de que consta a posição do Presidente da Federação Portuguesa de Xadrez.
Sob o título "Xadrez: Olimpíadas voltam a provocar polémica" e o sub-título "Guerra de regulamentos amputa Selecção em Dresden", os dois primeiros parágrafos da notícia identificam a polémica, o terceiro (com o destaque "Absentismo" (?!)) transmite a posição do PFPX e o último parágrafo desta notícia sobre Dresden refere-se a... doping no xadrez.
(...)
Absentismo
António Bravo, presidente da FPX, diz que foi aplicada a metodologia das direcções anteriores em relação à Selecção, que nem sequer tem seleccionador, alegadamente por falta de verbas: “Voltar atrás seria uma falta de respeito pelos seleccionados. Cumprimos regulamentos. A Selecção não foi lesada porque os valores são semelhantes. A Associação de Mestres, por exemplo, nada fez para mudar os regulamentos. Sou presidente numa situação de recurso e não houve listas alternativas nas eleições. Existem locais próprios para estes assuntos serem debatidos.”
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Sejam bem-vindos a mais uma tarde desportiva. A partida que tem honra de acompanhamento jornalístico não se joga no Vietname e continua a ser disputada num conjunto tabuleiro/peças pouco habitual, quiçá não homologado para provas FIDE.
Nos últimos lances, o Cavalo da Associação de Mestres manobrou calmamente, fazendo uma pausa para conversar com este, outra para ouvir aquele, mas lá capturou a torre negra em a8, finalizando a travessia Ch1-f2-d1-c3- (driblando o Bispo da Direcção da FPX que controla a diagonal b1-h7 e não deixa o Rei do GM António Fernandes aproximar-se do quadrado dos 5 seleccionados e do peão e7) -b5-c7-a8. Entretando, o Rei da FPX aguardava o início da Olimpíada para mandar promover os convocados em jogadores efectivos, jogando Re8-d8-e8-d8-e8-d8-e8 debaixo do guarda-chuva do peão e7, conhecido na bancada como "seleccionador mistério".
A razão que acompanha o Campeão em título, só aparentemente pregada pela Ta8, deslocou-se de a2 para a5 nas páginas do Record - xeque! -, e, no mesmo local, seguiu-se Re8-f7.
As negras jogam Re8-f7 nas páginas do Record
Apesar de as negras estarem com uma vantagem de tempo avassaladora - a queda da bandeira branca parece ser mesmo uma questão de dias -, este lance foi reflectido durante uma semana: as brancas deram xeque no dia 22 de Outubro e as negras responderam a 29, só depois de o Cavalo ter tomado em a8. Tal é possível porque no xadrez as regras cronológicas e temporais são próprias: por exemplo, fora do tabuleiro, o caminho mais curto entre dois pontos é em linha recta; mas o xadrez tem tempos que são só seus. Basta ver que o Rei demora o mesmo tempo a ir de a5 a h5 quer vá em linha recta quer vá aos ziguezagues... aqui, pelo menos, não há doping que o suspenda preventivamente por ziguezaguear, apesar de isso, à luz das regras de outros jogos, poder ser considerado aumento de rendimento!
Este lance Re8-f7 merece ser analisado.
Por um lado, cumpre os regulamentos - o Rei pode andar uma casa adjacente e, se tropeçou, pelo menos não caiu em e7 (peça largada, peça jogada!). Depois, permite ao Rei seguir para g8, onde um roque artifical tentará protegê-lo das investidas da Dama branca. Será este, porventura, o local próprio para debater a questão, pois, apesar de o Rei ter jogado em recurso - não houve voluntários para a interposição e não era possível tomar a Dama branca -, à míngua de alternativas, o Rei vai para junto do seu Bispo... se bem que não se saiba bem se o Bispo está em h7... ou em i8. Aqui da bancada de imprensa não se vê bem, devido ao poste de iluminação, sendo certo que já houve casos em que os Bispos negros participaram no jogo sem estarem no tabuleiro.
Por fim, mas não menos importante, a jogada Re8-f7 permite um ataque a descoberto ao Ca8 que, todavia, está bem defendido pela Dama branca e prepara-se para manobrar novamente, no sentido Ca8-c7-d5-e7, onde terá g8 em mira, estando prevista a chegada àquela casa para o dia 9 de Novembro. Certo que Cxe7 causa um certo incómodo - é mais um xeque, e como se dizia na sala onde aprendi a jogar "na dúvida dá-se xeque! Pode ser que seja mate!" - também resolve a questão do seleccionador, pelo que não se poderá dizer que o Cavalo nada fez.
Variante 9 de Novembro com o Bispo em i8.
Apesar de as peças críticas no tabuleiro serem, nesta posição, a Dama e o Cavalo branco e o Rei negro - além, claro, do Rei branco (sem rei não há jogo!) e dos seis peões negros (que estão suspensos até dia 12 de Novembro) - aquele lance Re8-f7 pretende também acabar com todo o jogo das brancas na ala de dama para centrar todas as atenções na de Rei, onde o cavalo do doping foi descoberto, sem querer, enquanto almoçava.
As negras pretendem resolver a polémica com Rf6-g5!!
Esta manobra surpreendente talvez não queira eclipsar a ala de Dama, mas não há dúvida que surpreende, até porque o Ch4 costuma estar amarrado à manjedoura na casa i5, onde, de acordo com muitos regulamentos, relincha se quiser que algum xadrezista lhe troque o feno ou a água. Se o Cavalo não relinchar, o jogador pode ir para casa sem correr o risco de ser preventivamente suspenso por tomar um diurético.
Mas não será necessário ir mais longe na análise, porque, além da posição não pedir a consideração de Rf6-g5 como tema candidato, agora que atento melhor na ala de Rei, bem vistas as coisas, a posição negra, concretamente a sua estrutura de peões, é ilegal: não é possível chegar àquela estrutura através de qualquer sequência de lances regulamentares. Há ali um peão, talvez o de h3 que deveria ser substituído por outro. Nem que fosse o de b2 que, de acordo com o cartão de atleta federado, é de uma xadrezista da AX Faro.
Prevê-se algum tempo de descanso neste match, pelo que voltaremos para acompanhar os Campeonatos do Mundo.
ps: Não é preciso dizer que qualquer semelhança com a coincidência é pura realidade.
ps2: Qualquer adepto pode dizer que todos os seleccionáveis são igualmente bons. O Presidente da FPX não pode dizer que a Selecção não saiu prejudicada porque se trata, aqui, de uma questão de justiça (aplicação do regulamento), não de valor desportivo.
ps3: Voltar atrás seria uma falta de respeito para os seleccionados? Que respeito receberam os jogadores que deveriam ter sido seleccionados mas não o foram? Voltar atrás não era oportuno por aquele motivo. Mas seria legal?
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