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"Infelizmente a modalidade do xadrez não arrasta multidões"
Fernando Carapau, do GD Diana, falou acerca do xadrez em Portugal, do seu clube e da ausência deste no europeu de clubes que começa já no dia 5 de Abril.
Por Jaime André, no SCN (30.03.09 - 15h10)
Em vésperas do arranque do Campeonato Europeu de Xadrez em clubes, o GD Diana, bi-campeão nacional, não marcará presença por falta de apoios financeiros.
O scn falou com o Fernando Carapau, responsável da secção do xadrez do GD Diana, acerca do clube e do panorama do xadrez em Portugal.
O GD Diana tem dominado o panorama xadrezistico nacional, conquistando nos ultimos dois anos, 2 campeonatos nacionais, 2 taças de portugal e 2 supertaças. A que se deve este sucesso?
De facto tem sido histórico para o GD Diana, para a cidade de Évora e para o Alentejo em geral esta dinâmica vencedora. O sucesso deve-se em grande parte à qualidade dos jogadores do GD Diana pois foram os jogadores a conquistar tais títulos para o clube eborense. Aproveito esta oportunidade para agradecer a todos eles pelo seu empenho, dedicação e profissionalismo ao serviço do clube.
Para além do factor da qualidade dos jogadores quero salientar o factor mais importante para mim, que é o espírito de grupo e a amizade que reina no seio da equipa. Tem sido um orgulho para o GD Diana contar com a contribuição de jogadores de grande nível competitivo, entre eles: MI Fernando Silva, GM Kevin Spraggett, MI Luís Santos, GM Alexander Riazantsev, MI Paulo Dias, GM Igor Kurnosov, WIM Catarina Leite, GM António Fernandes e MI Alekxander Veingold.
Sente que estas conquistas trouxeram uma maior responsabilidade e pressão a equipa? Como isso tem sido gerido pelo clube?
Não se pode colocar pressão nem responsabilidade a uma equipa que em dois anos vence as provas mais importantes do calendário nacional. A filosofia do GD Diana ao longo dos anos que está na 1ª Divisão (desde a época 1995/1996) tem sido sempre a mesma, i.e. participar sempre na sua máxima força competitiva e respeitando sempre os seus adversários. Esta forma de actuar já deu ao clube 8 títulos nacionais: 3 Campeonatos Nacionais da 1ªDivisão por Equipas (95/96, 06/07, 07/08), 2 Taças de Portugal (06/07, 07/08) e 3 Super Taças (96/97, 07/08, 08/09).
Começaram a época com a conquista da Supertaça, que se pode esperar do GD Diana para o resto do época?
Em termos colectivos o GD Diana vai apresentar-se na sua máxima força para a competição da Taça de Portugal e para o Campeonato Nacional da 1ª Divisão por Equipas. O GD Diana reforçou-se com um novo jogador, o actual Campeão Nacional Individual, i.e. o GM António Fernandes que será certamente uma mais valia para a equipa. É uma grande honra para o GD Diana juntar na sua equipa alguns dos melhores jogadores portugueses em actividade como António Fernandes, Luís Santos, Paulo Dias, Catarina Leite e o fantástico, ilustre e histórico Fernando Silva. Seria histórico repetir os êxitos anteriores, mas se tal não acontecer iremos felicitar os vencedores.
O GD Diana como campeão nacional ganhou o direito de representar Portugal no campeonato europeu de clubes, que se inicia na Austria no próximo dia 5 de abril. No entanto não irão estar presentes. Qual o motivo?
A equipa eborense do GD Diana já ganhou o direito de representar Portugal no Campeonato Europeu de Clubes por três vezes (96/97, 07/08, 08/09) e infelizmente em nenhuma delas conseguiu representar Portugal. O GD Diana não consegue reunir as verbas necessárias e não pretende sobrecarregar os seus habituais patrocinadores com tal apoio.
Infelizmente a modalidade do xadrez não arrasta multidões, e não aparece com regularidade nos jornais, tv´s e rádios e como tal é complicado as empresas patrocinarem esta modalidade ímpar. Este ano o GD Diana tentou o apoio da Secretaria de Estado da Juventude e do Desporto mas até hoje ainda não obteve resposta, o que revela o interesse do estado por este desporto ímpar que devia, em minha opinião, ser uma disciplina obrigatória no Ensino Básico.
Qual a posição da FPX acerca deste assunto?
O GD Diana solicitou apoio à FPX a qual se disponibilizou para ajudar na inscrição e custear apenas essas despesas, o que por si só já é positivo. No futuro, a FPX devia de rever esta situação pois o clube campeão vai representar Portugal. Penso que era visível para a divulgação da modalidade que o seu campeão represente Portugal com regularidade no campeonato europeu de clubes.
Em entrevista ao scn António Fernandes lamentou a falta de reconhecimento e carinho que o xadrez tem em Portugal. Concorda?
Sem dúvida! Concordo plenamente com as palavras do GM António Fernandes.
O que na sua opinião se pode fazer para contrariar essa situação?
Penso que a FPX em colaboração com as Associações e os clubes devia promover acções específicas, inovadoras e objectivas para que a modalidade do xadrez seja reconhecida pela sociedade como uma disciplina/desporto indispensável na formação intelectual e cívica dos jovens. A FPX devia desenvolver todos os esforços possíveis para que o xadrez seja uma notícia atractiva para as tv´s, jornais e rádios. É preciso mostrar à sociedade que existe esta modalidade ímpar.
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