Desafio: Cuidado com a Dama Italiana...

Há cerca de dois meses, deixei aqui a partida que joguei com o Fernando Nora, do Dias Ferreira, no 4.º tabuleiro do encontro relativo aos 1/32 de final da Taça de Portugal.

Nessa partida, "o Nora abriu com 1. e4. Seguiu-se ... e5, 2. Cf3 Cc6, e até aqui continuava satisfeito. Um dos sistemas que revira iniciava-se precisamente assim. Mas foi sol de pouca dura. Após breve reflexão, o Nora joga 3. d4 ao que eu contestei com ... exd4 e ele replica com 4. Bc4!


4. Bc4, o Gambito Escocês

(...) coloquei o Bispo em c5 e o Nora presenteou-me com o 5. c3 da praxe (...)



Nesta partida, (...) "optei por não abrir linhas: avancei o peão e depois defendi o Bispo, qual mariquinhas, tendo noção que esta decisão me poderia fazer passar as passas do Algarve... (...) A partida continuou com 5. ... d3 6. Dxd3 d6"


E depois confessei que (...) "só em casa me lembrei da segunda dica do Igor [Pires, de Aveiro, que me tem ensinado a jogar a Escocesa]!
É curioso como a ordem dos lances pode atrapalhar um neca...

Toda a gente conhece a Abertura Italiana, não é? Quase toda a gente, quando começa a jogar, opta por ela. Durante anos foi a minha opção para responder a 1. ... e5. Até quase que a posso cantar, como se fosse tabuada:

1. e4 e5 2. Cf3 Cc6 3. Bc4 Bc5 4. c3 Cf6 5. d4 exd4 6. cxd4 Bb4+ 7. Bd2 Bxd2+ 8. Cbxd2 e agora d5!, o lance salvador.
Muito conhecido, não é?

Pois então, descubram as diferenças...


À esquerda, o Gambito Escocês após 4. Bc4.
À direita, a Italiana após 4. ... Cf6.

Era esta a dica do Igor que eu não recordei e nem me passou pelo espírito! Em vez de jogar d3, podia ter simplesmente transposto para a Italiana com Cf6, entrando em águas que conheço razoavelmente bem!(...)


Ora bem, ontem à noite, na 1.ª jornada da Preliminar do Moto Clube, o Carlos Braga jogou um Gambito Escocês. E desta feita, em vez de jogar d3, inverti para a italiana, com Cf6.

O Carlos jogou a variante Tarrasch (a que defende o Bb4+ com Bd2, que enunciei em cima) e depois das trocas em d2 e em d5, em vez do mais habitual Db3, fez roque.


A partida continuou com 10. ... O-O 11. Te1 Bg4

E só depois é que o Carlos jogou a Dama para b3. No entanto, agora este lance já não é tão forte, uma vez que as negras podem trocar o Cavalo pelo Bispo das brancas que é bom, já que tem excelentes diagonais (a2-g8 e b1-h7) à sua disposição.

Com isto em mente, joguei 12. ... Ca5. As brancas, deveriam, provavelmente, centralizar a sua Dama, colocando-a em d3. Não foi isso, todavia, que fizeram.

Desafio

A partida continuou com 13. Db5


Jogam as negras.

O último lance das brancas é um erro.
Como é que as negras ganham vantagem material?