domingo, 23 de novembro de 2008

Ana Baptista alcança dupla norma para Mestre Internacional Feminina

Nos últimos dias, as Olimpíadas não têm tido aqui grande destaque, uma vez que há vários sites a fazer excelentes coberturas.

No entanto, esta informação publicada no site da Associação de Xadrez do Porto não tem tido muita divulgação, de maneira que aqui fica:

Está de parabéns a campeã nacional WFM ANA BAPTISTA que, no 3º tabuleiro da selecção feminina portuguesa, alcança, com a vitória de hoje [9.ª jornada, dia 22, contra a República Dominicana], os pontos necessários para norma para WIM, que vale por duas nesta Olimpíada. Restar-lhe-á alcançar mais uma norma e a fasquia dos 2200 pontos de Elo para obter esse título da FIDE.



Mestre Fide Feminina Ana Baptista

É a actual Campeã Nacional e lidera o ranking feminino. Nasceu em Lisboa, em 1990, e representa o Ginásio Clube de Odivelas. Em 2000, foi a 5.ª classificada no Campeonato Mundial Sub-10. Em 2003, foi Campeã Europeia Sub-14. Foi 7 vezes Campeã Nacional Feminina e 3 vezes Campeã Nacional Absoluta nos escalões jovens. Tem vários títulos distritais femininos e absolutos em Lisboa. Participou em 7 Campeonatos do Mundo Femininos nos escalões de formação e em 2 Campeonatos de Jovens da União Europeia. Integrou a Selecção Nacional em 2 Olimpíadas e ficou em 2.º lugar no Torneio de Honra de 2004.

E para a conhecer um pouco, aqui fica a entrevista que deu ao 16x16:
A curiosidade pelo xadrez levou-a a entrar na modalidade. Gostou e de torneio em torneio a jovem Ana Baptista nunca mais parou. Hoje é campeã nacional feminina e detentora de um palmarés inusitado, no país e além-fronteiras.
Não pretende ser profissional de xadrez, mas confessa que gostaria de alcançar o título de grande-mestre feminina.
E o xadrez em Portugal? Como está? O que deveria ser feito?
Entre outras observações afirma, em entrevista ao 16x16, que deveria haver mais crianças a aprender xadrez na escola, sendo certo - na sua opinião - que a gestão da política de apoios à modalidade não é a melhor.

O que a despertou para a prática do xadrez?
Na escola primária que frequentei havia aulas de xadrez dadas pelo Luís Reynolds. Tive curiosidade em saber o que era o xadrez e fui lá. Gostei do jogo e continuei a ir e comecei a entrar em torneios...

Não é habitual, na sua idade, ter um palmarés invejável como o seu…
Na minha idade, em Portugal não e habitual, à excepção do Ruben Pereira que tem um palmarés bem mais invejável que o meu. Mas noutros países em que o xadrez é mais apoiado e visto de uma maneira mais séria é bastante comum.

Sagrar-se campeã nacional feminina é apenas mais um título ganho ou é a confirmação de uma atleta para o futuro em termos internacionais?
Penso que ter ganho o último campeonato nacional feminino apenas confirma que naquele torneio eu era a que estava a jogar melhor, era a que estava em melhor forma.

Quais os objectivos máximos que espera atingir como jogadora de xadrez?
O que espero do xadrez, uma vez que não tenciono ser xadrezista profissional, é continuar a jogar porque é uma coisa que me dá imenso prazer e esforçar-me sempre ao máximo em cada partida e ir aprendendo sempre mais e jogando melhor. Um dos objectivos que gostava de alcançar é o título de grande mestre feminina.

Imagine-se hoje a Ana Baptista sem o xadrez… Como se sentiria?
O xadrez é muito importante para mim. É algo de que gosto muito de fazer e não me quero imaginar no futuro sem jogar xadrez. Apesar de não tencionar ser jogadora profissional, como já referi, quero continuar a praticar e/ou a ensinar ao longo da minha vida.

Tem sentido apoio da família no seu percurso de xadrezista?
Sim, desde o início. Tanto dos meus pais como dos meus avós.

Quais os momentos mais marcantes na sua carreira?
Os momentos que mais me marcaram no meu percurso xadrezístico foram os empates em simultâneas com o Topalov e, principalmente, com a Judith Polgar porque é a jogadora que mais admiro, além do 5º lugar no mundial de sub-10 feminino, o 1º lugar no campeonato da união europeia de sub-14 feminino, a vitória no campeonato nacional feminino e o 3º lugar que obtive agora em Montenegro no europeu de sub-18 feminino de semi-rápidas.

Qual a importância da participação em competições internacionais na melhoria da sua «performance» como jogadora?
As provas internacionais permitem-me defrontar jogadores de nível bem superior ao meu e como as que costumo jogar são os europeus ou mundiais ou campeonatos da União Europeia de jovens em que vou pela Federação Portuguesa de Xadrez, pelo menos naquele tempo em que decorre a prova tenho treinos e posso preparar as partidas com mestres, o que me permite aprender sempre imenso.

Pensou alguma vez integrar a selecção nacional feminina? Esse é o primeiro objectivo de qualquer jogador?
Não sei se é o primeiro objectivo... O meu, por exemplo, foi ganhar ao meu pai. Mas penso que qualquer jogador ambiciona um dia representar o seu país e lembro-me que um dos meus primeiros objectivos era esse mesmo e fiquei bastante feliz quando em 2004 o pude fazer nas Olimpíadas de Palma de Maiorca.

Qual a vitória que lhe deixa melhores recordações?
A vitória que me deixou melhores recordações foi frente à xadrezista chinesa que venceu o mundial de sub-10 feminino no ano em que fiquei em 5º lugar.

Que leitura faz da evolução do xadrez em Portugal?
O xadrez em Portugal ainda está muito atrasado. Não há grande tradição de xadrez em Portugal, como há, por exemplo, no futebol. Já há algumas escolas onde se ensina xadrez mas é necessário que haja mais crianças a aprender xadrez na escola, mais clubes, mais apoios e a criação de escolas de xadrez. Hoje em dia, o xadrez assenta na internet, nas competições oficiais e menos nos clubes.

O quadro competitivo no país está bem delineado?
Na minha opinião, o quadro competitivo não está bem delineado e a prova disso é a confusão que está gerada em torno das selecções. Os critérios são maus e mal pensados. O facto dos campeonatos de jovens terem jornadas duplas é mais um argumento.

Como vê a política de apoios ao xadrez português?
Para além de haver poucos apoios, a sua gestão não é a melhor.

Os planos de desenvolvimento da modalidade estão bem estruturados?
O plano de xadrez de Lisboa que, na minha opinião até estava bem estruturado, acabou. Os outros desconheço.

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